Os pais de hoje são notoriamente diferentes dos pais das últimas gerações – onde uma cultura machista era preservada. Nós sabemos que ainda há muito para melhorar entre os relacionamentos familiares e as estruturas estabelecidas nos dias de hoje, mas eu estou aqui para dar destaque ao positivo e comentar sobre o que felizmente acontece na maior parte dos casos em que presencio com a fotografia.
Eu sou parte da geração que foi criada com base em uma cultura, e hoje na prática com seus filhos vive situações totalmente diferentes. Trata-se da transição, da quebra do paradigma e também da posição mais difícil preestabelecida: a necessidade – quase obrigatória – do autoconhecimento, o encontro da identificação. Quem é mãe da minha geração carrega a culpa na bolsa e luta com as crenças do inconsciente (formada pelos nossos pais), acompanhada dos palpites antiquados da torcida. Em contra ponto, o alarde da vida contemporânea e se posicionar perante esses questionamentos exige coragem, além de uma rede de apoio.
Nos dias atuais quando uma mulher está grávida o companheiro sonha junto com o momento e também, se gostam, planejam as fotografias. Quando é inesperado, algumas reações são mais naturais e mesmo assim podemos observar o quanto os homens são participativos e vivem intensamente mês a mês, cada fase.
Ainda lembro quando recebi o primeiro telefonema de um homem querendo agendar a sessão fotográfica da gestação, a sua mulher estava grávida com aproximadamente 20 semanas, e ele ansioso vivendo o turbilhão de emoções novas e aguardando. Ninguém sabe, mas aquela atitude me emocionou, sou chorona por natureza levei uns 5 minutos para me recuperar – após desligar o telefone – ainda bem! A única coisa que pensei foi: é tempo de renovação, que bom fazer parte dessa época, ser dessa geração e ter clientes desse tipo. Me faz acreditar em um mundo bem diferente para os meus filhos, pois uma atitude dessa será natural para época deles.
A evolução das estruturas familiares vagarosamente transformam-se, com essas modificações conquistamos mediante a renovação muitos pontos positivos. Os homens já perceberam que existe um papel muito maior do que ser o provedor do lar, pois as mulheres também ocupam esse ofício. Ele deve simplesmente ser pai e assumir tudo o que o representa essa palavra.
No que denota à fotografia, nós sabemos que nem todos os homens estão acostumados com as lentes – sendo em sua maioria retraídos – mas após o momento em que “quebra-se” o gelo da sessão ou até mesmo quando acontece a interação com o filho a emoção vence todas as objeções. E lá está aquele pai que mesmo tímido é participativo e deseja paralisar o tempo através das imagens.
Quando a sessão termina e após ver a impressão das fotos o impacto emocional sobre a representatividade desses instantes congelados e percepção do quanto a participação paterna foi essencial torna-se indescritível. O importante é ainda salientar o óbvio, toda mulher, mãe deseja que o filho saiba o quanto foi esperado e amado desde a concepção. É importante que a maternidade junto as transições e conquistas do período sejam compartilhadas, é desejado que o companheiro tenha alegria e vontade de participar das sessões fotográficas de família.
Pai é o homem que gera, cria ou educa uma criança, já diria o dicionário que resume brevemente uma palavra de uma complexidade muito maior. Essa criança pode ter somente vínculos afetivos, o importante é saber que todas as experiências positivas de amor e dedicação vivenciadas com o seu filho o fará ser um adulto integro, feliz e confiante. A fotografia também tem esse papel, ela guarda para sempre a vida, que poderá ser recordada e também contada futuramente. São histórias de amor congeladas dentro dos álbuns que vão atravessar décadas dentro da sua casa, do seu coração e do seu filho, portanto seja a parte leve e feliz da sua própria história.
Documentarista das lembranças que os filhos vão ter no futuro, Elysée é jornalista, especialista em fotografia e artes. Membro da Associação Brasileira de Recém-Nascidos, realiza sessões newborn atemporal e fotografia de partos documentais. Pesquisadora do poder das imagens como transformação social, acredita que as fotografias podem estimular vínculos, atuando no âmbito psicossocial, despertando sentimentos, informando e empoderando indivíduos.