Nos últimos 15 dias, me abasteci profundamente de tendências e contatos com profissionais da área de Arquitetura e Decoração. Em viagem à Recife, visitei as Mostras: CASA COR PE, CASA DECOR SHOW e retornando a Maceió, conferi a II MOSTRA FABRICATTO.
Observei como as mulheres cada vez mais vêm marcando presença no mercado de decoração de interiores, diferente do mercado da construção civil que ainda continuam em minoria.
A ideia inicial desse texto consistia em apresentar para vocês algumas tendências encontradas nas Mostras visitadas (para conferir, vai lá no instagram @YAarquitetura que está repleto de conteúdo), mas como integrante do time de colunistas do “Projeta Mulher” para o portal da revista DUE, não haveria momento melhor para abordar esta pauta tão importante.
Ao ser questionada a lembrar de três nomes de grandes arquitetas reconhecidas mundialmente, estudadas na graduação, me vieram à mente apenas Lina Bo Bardi e Zaha Hadid. Já o repertório para arquitetos do sexo masculino, uma infinidade.
“Mulheres são como fantasmas na arquitetura moderna: presentes em todos os lugares, cruciais, mas estranhamente invisíveis.” (Beatriz Colomina, 2010)
Fonte: https://www.arquitetasinvisiveis.com/por-que-invisveis
Justamente para questionar esta falta de visibilidade feminina nas bibliografias apresentadas nas salas de aula, um grupo de estudantes de arquitetura da UNB criou o coletivo ARQUITETAS INVISÍVEIS (www.arquitetasinvisiveis.com). Através de um trabalho de pesquisa, descobriram 48 arquitetas que tiveram grande representatividade na história, mas não tiveram o devido reconhecimento de seus trabalhos devido a desigualdade de gênero da época. Como mencionado em um artigo publicado no The New York Times:
“A maioria das arquitetas do sexo feminino ouviu as histórias de horror”: a ascensão de Mies Van der Rohe ao panteão dos mestres do Modernismo enquanto Lilly Reich morria na pobreza e anonimato. Le Corbusier vandalizando a Casa E-1027, obra-prima de Eileen Gray no Sudeste da França. Robert Venturi aceitando o Prêmio Pritzker em 1991, enquanto sua companheira e sócia Denise Scott Brown não foi nem citada”.
A pesquisa foi publicada no site Archidaily e pode ser conferida na integra através do link: https://www.archdaily.com.br/br/763358/arquitetas-invisiveis-apresentam-48-mulheres-na-arquitetura-nas-sombras.
“Eu ouvi coisas do tipo, ‘As damas poderiam se retirar para que possamos fazer a foto dos arquitetos?’ E eu dizia, ‘Eu sou uma arquiteta’ E eles diziam, ‘Você pode se retirar, por favor?’” Arquiteta Denise Scott Brown, em entrevista à revista de arquitetura em 2012.
Fonte: www.archdaily.com
O coletivo ARQUITETAS INVISÍVEIS representa todas as arquitetas mulheres, que têm falta de reconhecimento profissional. Segundo as fundadoras Lara Pita e Gabriela Cascelli, sonham que a história seja reescrita nos livros mais importantes de história da arquitetura, onde elas quase não aparecem e cada mulher esconde uma trajetória.
Como arquiteta, mulher, assim como diversas outras mulheres, passei por algumas situações constrangedoras em ambientes de trabalho na construção civil. Também pude presenciar a desigualdade salarial entre arquitetas que possuíam cargos com maior hierarquia que engenheiros, mas não eram valorizadas.
A transformação é lenta, mas já vem acontecendo e a luta deve continuar. Me orgulho de fazer parte desta corrente que vem unindo mulheres empreendedoras em busca de uma força feminina, que mostra que a mulher pode ser e estar, onde ela quiser.
Apaixonada por arquitetura, design e moda, Yara Carvalho é Arquiteta e Urbanista formada pela Universidade Federal de Alagoas. Natural de Juiz de Fora-MG, mora há 20 anos no Paraíso das Águas, Alagoas, onde firmou suas raízes. A frente do escritório YA Arquitetura, confia no poder da criação para transmitir emoção, experiências e transformar vidas.