Muitos pais se veem frustrados quando precisam lidar com a briga recorrente entre irmãos, principalmente porque acreditam que os filhos devem ser melhores amigos e, no momento em que isso não ocorre, acabam tomando partido na disputa, quase sempre optando por ficar do lado da criança mais nova ou frágil e muitas vezes colocando responsabilidades no filho mais velho.
Independentemente da idade, brigas entre irmãos são esperadas e naturais. “Não importa o que você tenha idealizado para os filhos, a realidade é que os atritos fazem parte do desenvolvimento das crianças”, explica Aline De Rosa, especialista em desenvolvimento infantil integrativo. “Geralmente, a briga está associada a disputa de atenção pelos pais, para saber qual dos filhos eles vão defender nessa situação”, completa.
É importante destacar que a relação entre irmãos auxilia na construção de habilidades sociais que acompanham o ser humano ao longo da vida. “Quem tem mais de um filho pode observar, dentro de casa, como esse vínculo fortalece as crianças e juntas elas desenvolvem resiliência, companheirismo, respeito e negociação”, argumenta a especialista.
Para Aline, um recurso que pode amenizar os conflitos e estimular a amizade entre irmãos é a comunicação realizada pelos pais. “É preciso lembrar que eles não devem ser juízes e sim conciliadores, alguém em que as crianças podem confiar”, elucida. “Adultos guiam as crianças na busca por uma solução respeitosa, tornando-se exemplos de como agir”, complementa.
A forma como os pais interferem nas brigas podem ajudar os filhos a desenvolverem novas habilidades ou piorarem seu comportamento. “A conduta do adulto pode deixar a criança mais segura de que errar faz parte, fazendo com que ela busque soluções por conta própria, ou se sinta inferiorizada e desrespeitada, intensificando também as birras”, finaliza a especialista.
Para melhorar o relacionamento entre irmãos e intervir de maneira construtiva nas brigas, Aline De Rosa tem 6 recomendações. Confira:
6 maneiras construtivas de intervir na briga entre irmãos:
1 – Fale menos e pergunte mais: “É fundamental sair da posição de juiz que analisa e julga tudo o que acontece. Os pais devem também tomar cuidado para não escolher sempre o mesmo lado, motivados pelo cansaço ou correria da rotina, acusando um único filho sempre que houver uma disputa”, argumenta a especialista.
2 – Acolha o sentimento do seu filho: mostre para ele que é natural sentir.
3 – Não compare os irmãos: “Trate cada filho como único, buscando primeiro entender o que motivou o comportamento da criança, para com todas as informações direcionar a resolução do conflito”, define Aline De Rosa.
4 – Equilibre a atenção entre as crianças: “É importante tratar todos da mesma forma, inclusive fazendo com que as regras da casa sejam válidas com o mesmo peso para cada um”, ensina.
5 – Incentive a autonomia: “Crianças precisam ser encorajas a agir sem perfeição. Notar características e qualidades de cada uma é valorizar sua individualidade”, afirma a especialista.
6 – Dê responsabilidades: “Se as crianças brigam o dia todo, estão faltando tarefas para ocupá-las. Elas precisam sem envolvidas de forma útil na rotina do lar enquanto estão em casa e podem colocar as roupas na máquina ou no varal, organizar os brinquedos ou ajudar a preparar o almoço, por exemplo”, finaliza Aline De Rosa.