Essa é, com certeza, a pergunta que mais recebo no consultório, nas palestras e conversas com as famílias. Dizer ‘não’ virou sinônimo de autoritarismo, de agressividade e, consequentemente, de ter que lidar com reações explosivas e descontroladas dos filhos. O que quero te dizer é que tudo isso é um grande equívoco!
Dizer ‘não’, estabelecer um limite, mostrar que não é possível atender um desejo, são condições humanas e fazem parte da responsabilidade de sermos pais. Então a dúvida é: como fazer?
O primeiro ponto que quero ressaltar aqui é da intenção desse não, pois como dizer, é apenas pronunciar. Só que no fundo queremos saber como dizer e termos essa negativa aceita pelas crianças, ou como construir um caminho de acordo…
A educação consciente demanda pais que sejam intencionais, atentos, presentes e empáticos. Qual é a sua intenção com o não? Proteção Física? Emocional? Envolve um ideal seu? Uma crença? Está relacionado a uma limitação financeira? Ou se conecta ao seu desejo de não fazer?
Pode parecer muito simples, mas ter clareza do motivo pelo qual falamos um não, muda tudo! Pois conseguimos estabelecer uma relação, uma conversa com a criança, e isso transforma explosão emocional em um aprendizado.
Agora que falamos sobre o não, do ponto de vista do adulto, vou te explicar sobre a criança que recebe essa informação.
Nossos filhos, até seus 25 anos de idade, aproximadamente, estão com seu cérebro em desenvolvimento, estudos mostram que esse é o último órgão a se desenvolver. Dessa forma, uma criança da primeira infância, até seus 7 anos de idade, não apresenta a habilidade de lidar com a frustração, como um adulto. Então quando a criança recebe a negativa, ela entra em um processo que chamamos de “sobrevivência”, tinha uma vontade e não será atendida, um caso de vida ou morte.
Se compreendemos o desenvolvimento das crianças, somos capazes de ler a explosão emocional e, assim guiarmos essa criança para um caminho seguro. O “não” continuará sendo dito, mas sei qual a minha intenção com ele e também sei que meu filho não tem condição de lidar, então o que eu faço?
- Respiro, acolho o choro e…
- Digo ao meu filho, em frase afirmativa, aquilo que ele deseja, demonstrando que entendi seu desejo e necessidade. Nessa hora, desarmamos o sistema de sobrevivência da criança e ela passa a usar estruturas cerebrais de maior aprendizagem.
- Trago para a criança a minha intenção, explico o que está acontecendo. Isso pode ser feito de forma muito breve, mas necessita que a criança esteja calma e tranquila.
Esse caminho é extremamente seguro e garante que estarei sendo respeitosa, intencional e amorosa com meu filho. Costumo dizer que essa é a fórmula da gentileza e da firmeza.