Ensinar aos filhos como ter uma vida financeira saudável é uma preocupação de 85% dos pais brasileiros — segundo dados do Serasa de 2021. E esse aprendizado pode começar mais cedo do que se imagina. A partir dos três anos de idade é possível introduzir o assunto com os pequenos, segundo a especialista em desenvolvimento humano e financeiro, Tamirys Machado. Mas, essa missão não se conclui apenas com informações teóricas. Na verdade, coerência, empatia, criatividade e muita prática são alguns dos principais recursos.
Antes de começar essa jornada, é necessário notar: crianças observam e reproduzem comportamentos dos pais com frequência. Por isso, é preciso ter consciência da dinâmica financeira dentro do núcleo familiar. “De modo geral, a família exerce um importante papel em disseminar o conhecimento inicial. É comum que as crianças reproduzam na vida adulta atitudes e crenças financeiras similares às que seus pais tinham em casa, ainda que de forma inconsciente. Então, o impacto que causamos nos filhos hoje pode influenciar várias gerações à frente”, explica Tamirys Machado.
Um bom exemplo dessa influência é a força de crenças como ‘dinheiro foi feito para gastar’, ‘o dinheiro corrompe qualquer pessoa’, ‘o dinheiro é sujo’ e ‘eu não sou merecedor de uma vida próspera’. Quando reforçadas, essas afirmações afastam a criança de alcançar todo seu potencial, principalmente se vierem acompanhadas de atitudes incongruentes: “Crianças entendem que ‘não é não’ e que ‘sim é sim’ (e nos cobram quando veem algo diferente). Por exemplo, se o seu filho lhe pede um brinquedo e você nega e diz que não tem dinheiro, mas, logo em seguida, entra em uma loja de roupas e sai cheio de sacolas, ele vai questionar ‘Ué, mas você disse que não tinha dinheiro’. É aí que os pais ficam sem resposta”, comenta a especialista.
Educando as crianças sobre finanças: por onde começar?
Tudo começa com a educação e o equilíbrio financeiro da própria família. O mesmo estudo do Serasa que identificou a preocupação dos pais em ensinar os filhos sobre o tema, revela a dificuldade na prática: cerca de 65% já ficaram com o nome sujo e atrasaram pagamentos de contas básicas ou do cartão de crédito; outros 75% precisaram utilizar a reserva financeira para quitar dívidas. “Ao cuidar de forma consciente e equilibrada das finanças da família, os pais já começam a naturalizar o tema e ampliar a perspectiva dos pequenos a respeito”, afirma Tamirys Machado, que elenca, logo abaixo, cinco dicas para proporcionar um aprendizado aprofundado para as crianças:
1 – Entenda o que abordar em cada faixa etária Para crianças entre 3 e 5 anos de idade, é interessante começar a explicar o que é o dinheiro, como ele surgiu e as diferenças entre cédulas e moedas. Depois, entre 6 a 9 anos, pode-se introduzir pequenos cálculos, fortalecer as noções de produto e serviço, o ato de poupar e contextualizar relações de troca.
2 – Explique o porquê Se negar algo à criança, como um brinquedo, não diga apenas que não tem dinheiro. Isso vai fazer com que ela reforce a ideia de que o dinheiro é o culpado dela não ter o que quer.
3 – Fale sobre isso durante o dia a dia Uma ida à cafeteria pode ser um bom momento para explicar à criança que existe um cardápio com itens e preços para escolhermos. Converse com ela, de forma lúdica, mostrando quais são os itens mais caros e quais são os mais baratos. Aliás, também é possível levar algumas cédulas de brinquedo para contar quantas ela precisaria para pagar a conta. Essa dinâmica estreita os laços afetivos e integra a criança como um agente importante dentro daquele ambiente.
4 – Aposte nos recursos criativos livros infantis, jogos e brincadeiras que trazem a temática de um jeito leve e divertido são ótimos recursos para ensinar. Desenhar com a criança as cédulas mencionadas na dica anterior é um bom jeito de começar também. Outra possibilidade é apresentar para elas dinheiros antigos e contar histórias. Assim, torna-se um assunto interessante aos olhos dos pequenos. Use a imaginação.
5 – O famoso cofrinho Para auxiliar na compreensão do ato de poupar, estabeleça metas com a criança (por exemplo, algum brinquedo que ela queira comprar) e ajude-a a guardar dinheiro mensalmente até chegar na quantia suficiente para completar o objetivo.
Recompensa por tarefas domésticas: é uma boa ideia?
Entre os comportamentos comuns dentro de casa está a recompensa, em dinheiro, por atividades domésticas. Tamirys reflete: “Por se tratar de um assunto que divide opiniões, gosto de analisar os dois cenários possíveis. O primeiro é se eu ensinar a criança a fazer tarefas apenas por obrigação. Isso pode frustrá-la e impedi-la de entender a importância de executar aquela atividade. O segundo é eu sempre recompensar a criança pelas tarefas. Nesse caso, ela pode compreender que só deve fazer algo se resultar em uma troca. Nenhuma das situações é uma boa ideia.”
Então, a especialista orienta: “Para aproveitar o melhor dos dois cenários, recomendo dividir as tarefas cotidianas como uma responsabilidade de todos os membros da casa e, para a criança, separar algumas tarefas extras que serão recompensadas com dinheiro. Essa proposta parte de dois princípios importantes das atividades domésticas, que é o senso de responsabilidade e a empatia; e o desenvolvimento ético profissional e senso de recompensa. Portanto, o equilíbrio é sempre o melhor caminho”, conclui.
Tamirys Machado é especialista em desenvolvimento humano e financeiro, mentora e educadora financeira e tem como objetivo ajudar pessoas e negócios a conquistarem dignidade e sucesso financeiro de forma sólida e verdadeira.
Essas e outras dicas você encontra no @tamirysmachado.
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