O brasileiro, apesar de acostumado a enfrentar inúmeras dificuldades, está experimentando uma realidade diferente com a pandemia do coronavírus. São várias preocupações e mudanças juntas: o medo de contrair o vírus que causa a Covid-19, a alteração na rotina para evitar a contaminação, o distanciamento de quem se gosta, o isolamento em casa e a preocupação com emprego ou renda a partir de agora.
Além do risco do coronavírus em si, toda esta situação pode afetar a saúde mental das pessoas, com aumento dos níveis de ansiedade e agravamento de distúrbios pré-existentes, alerta o psicólogo Mário Soares, Sistema Hapvida.
Para ele, é o momento de cuidar não somente da saúde física, mas também da saúde mental. “Na clínica que atendo, nas duas últimas semanas, o número de pessoas buscando ajuda aumentou significativamente. Eleva-se a ansiedade com essa situação toda”, relata Soares.
O desconhecido e o incerto fazem com que nos sintamos inseguros, principalmente em casos como esse, de nível mundial. E, nesta situação, é comum surgir medo, apreensão e pensamentos negativos. Mas é preciso afastar esse tipo de pensamento, que é um gatilho para um distúrbio mental mais grave, inclusive a depressão e pânico, orienta Soares.
“O cérebro funciona com conexões. Um pensamento negativo leva a outro, a outro e assim por diante. E isso destrói a pessoa”, explica. A orientação do psicólogo é rebater a ansiedade e a preocupação exacerbada com outros pensamentos, tais como: a realidade hoje é essa; não estou sozinho – é um problema mundial; é uma realidade maior, contra a qual não podemos mudar muita coisa; vou me preocupar quando realmente o problema chegar; e o ser humano tem capacidade para se adaptar às mais diversas situações. Assim, frisa ele, se preserva de uma doença mental.
Mário Soares, que recentemente esteve na Espanha, destaca que podemos obter melhores resultados quando nos unimos. Também sugere às pessoas nesta época de mais tempo disponível e de tantas incertezas uma reflexão sobre modo de vida e valores. “É nítido que esta epidemia vai causar uma nova ordem mundial na economia, no consumo, nas relações interpessoais e nos valores. Então, como a maioria das pessoas está em distanciamento social, em casa, com sua família, é um bom momento para pensar em o que realmente importa para elas. Assim, quando tudo isso passar, vamos ser pessoas melhores”, acredita.
O que também ajuda, para quem tem credo, é se apegar a ele, confiar nele. E, enquanto a epidemia de coronavírus não passa e a orientação das autoridades de saúde é o distanciamento social, além de toda a precaução para não contrair o vírus, Soares indica também uma série de ações para praticar visando a saúde física e mental. Confira abaixo:
Pensamentos:
– A realidade hoje é essa e não estou sozinho – é um problema mundial;
– É uma realidade maior contra a qual não podemos mudar muita coisa;
– Vou me preocupar quando realmente o problema chegar; não sofra por antecipação;
– Consegui chegar até aqui, e vou passar por isso também;
– O ser humano tem capacidade para se adaptar às mais diversas situações.
– Cuidado com os pensamentos intrusos, que podem elevar a ansiedade;
– Avalie seus pensamentos. Será que eles são reais? Ou será que estou intensificando-o por conta do estresse do momento?
Ações:
– Se protejam do coronavírus e tenham paciência com os idosos da casa;
– Cuide de você – se alimente bem e faça atividade física em casa. Há aulas online gratuitas em diversas plataformas; tente manter sua rotina de sono;
– Aproveite o tempo para fazer o que gosta, como ler livros, ouvir música, cozinhar e estudar, organizar a casa (há vários cursos online gratuitos). Mantenha a cabeça ocupada;
– Não deixe de falar com familiares e amigos. Pelo WhatsApp e outras plataformas é possível conversar com áudio e vídeo, inclusive com várias pessoas ao mesmo tempo;
– Se há idosos que dependem de você faça o seu melhor; poupe-os de terem que sair;
– Estabeleça uma rotina com horários para cada atividade: trabalho, autocuidado, alimentação, lazer, relaxamento, etc;
– Reflita sobre sua vida. Tente perceber o que pode aprender, o que quer mudar;
– Cuidado com excesso de informações e as fake news sobre a epidemia;
– Se você tem um credo, confie nele; ore, reze, faça preces e busque manter a paz de espírito;
– Se perceber que sua saúde física ou saúde mental não está bem, peça ajuda.
Pernambucana de nascimento e alagoana de coração, Paula é formada em engenharia mecatrônica pela Universidade de Pernambuco e sempre foi apaixonada por fotografia e comunicação, até que tanto flerte virou um relacionamento sério. Adora moda, viagens e acredita que podemos usar arte, cultura e moda a favor do nosso estilo.