As palavras de Bill Amberg, inglês que preside o Bill Amberg Design Studio, são claras: “Consumidores querem o que é ético e sustentável. E não importa o quanto terão que pagar por isso”. Referência mundial na criação de artigos em couro para os segmentos premium de moda e arquitetura, ele defende o conceito de um novo luxo, hoje atrelado à qualidade duradoura e a marcas que tenham um legado de atitudes condizentes à tendência comportamental que valoriza a preservação das riquezas naturais.
“E é isso que o couro oferece e torna tangível na compra de um produto composto por ele”, declarou o designer na palestra Couro: do design ao mercado de luxo, durante o 3º Fórum CICB de Sustentabilidade, no dia 22 de agosto, em Novo Hamburgo/RS. Segundo ele, a cadeia do luxo depende de fornecedores humanos e éticos, mesmo com alto custo.
Outra característica que Amberg atribui ao couro é seu poder de diferenciar criações. E diferenciar-se é fundamental no mercado atual. Para isso, as marcas precisam voltar a contar histórias, a trabalhar com o peculiar. Os materiais devem ser inovadores na forma de produção, mas precisam ser artesanais em sua essência. “Personalização é o novo luxo. E o luxo vai crescer sempre”, enfatizou.
Transparência
Guy Morgan dividiu o palco com Amberg e reforçou seus conceitos. Ele é diretor do BSR em Paris, entidade que desenvolve e coordena o Sustainable Luxury Working Group – núcleo que reúne as mais influentes marcas de luxo do mundo para ações em sustentabilidade. “Nós vivemos uma era diferente, movida pela transparência e transformação da indústria. É preciso adaptar os negócios para sobreviver”, declarou Morgan, explicando que as marcas de luxo estão sendo pressionadas a inovar.
Fênomenos da natureza, como a escassez de recursos e o aquecimento global, aliados a campanhas governamentais ou de ONG’s pela defesa dos animais e das florestas, exigem uma nova forma de produção; uma forma ecofriendly. “As grifes já não podem comprar insumos como há tempos atrás. A Hermés, por exemplo, agora possui uma fazenda de criação de crocodilos, origem das peles empregadas em suas bolsas. Já a Tiffany & Co tem sua própria empresa de mineração”, citou.
Os consumidores, cada vez mais, têm a expectativa que a marca faça o bem para o planeta e tenha um desempenho sustentável, deixando o preço do produto como fator secundário na hora da compra. “É uma exigência de hipertransparência, visto que os consumidores buscam, decifram e disseminam informações”, concluiu.