Desde 2015 o mês de setembro tem sido escolhido para conscientizar a população sobre a necessidade da prevenção ao suicídio. O Setembro Amarelo quer chamar atenção para uma estatística lamentável: todos os dias 32 brasileiros cometem o ato e nove em cada dez mortes poderiam ser evitadas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
O psicólogo do Hapvida, Cezar Melo, explica que o primeiro passo para a prevenção do suicídio é observar mudanças intensas de comportamento. “Por exemplo, um jovem que deixa de fazer coisas que lhe davam prazer, como um jogo de futebol. Ou não tem mais entusiasmo em trazer boas notícias. Deve se observar também o discurso dele”.
“Vou desaparecer, quero deixar vocês em paz, quero dormir e não acordar mais ou quero deixar de existir”. De acordo com Cezar, essas expressões devem ser valorizadas e levadas em conta para procurar uma ajuda profissional e começar a reconhecer como um sinal de alerta ao tratamento.
Para Cezar, também é importante não minimizar a dor do outro. “Por falta de saber o que fazer é comum as pessoas ao redor dizerem: ah, vai passar, é só uma fase, uma questão de tempo. Isso leva a um sentimento de que a situação do paciente não está sendo reconhecida”.
DIÁLOGO – O combate ao suicídio pode e deve começar com um simples diálogo. O especialista alerta que em face do uso das tecnologias está se perdendo o contato direto entre as pessoas. “Há tempos já ouvimos que as redes sociais, por exemplo, aproximam quem está longe e distanciam quem está próximo”, lamenta o psicólogo.
O suicídio é considerado pelo Ministério da Saúde como um problema de utilidade pública. Pais e educadores são figuras importantes na prevenção desse comportamento. “Temos de abrir espaço para conversa sobre o tema e trabalhar a questão desde a infância”, defende Cezar.
Pela experiência do especialista uma pessoa que tem esse desejo sempre deixa pistas. Pode começar pelo excesso de responsabilidades e às vezes pela sensação de fracasso, por não conseguir cumprir com todas as tarefas impostas. “Isso leva a um nível altíssimo de ansiedade, que pode chegar a uma depressão ou a uma TAG (Transtorno de Ansiedade Generalizada).
“É fundamental criar esse ambiente de diálogo e aproveitar cada oportunidade para falar sobre o assunto, seja uma postagem nas redes sociais, uma reportagem na TV ou mesmo em uma roda de conversa”, completa.
Com os jovens, sempre escorregadios, vale iniciar o bate-papo, questionando sobre o conhecimento e opinião sobre o tema. É uma forma de demonstrar interesse sobre a pensamento dele e abrir um canal de conversa com mais receptividade. E não esperar somente pelo mês de setembro.
Outra dica é estabelecer proximidades com os amigos dos jovens e adolescentes. “Trazê-los para dentro de casa, conhecê-los melhor e tê-los como aliados”, defende Cezar. Ele conta que em seu consultório, muitos pacientes chegam por meio de amigos e não dos pais ou parentes”.
AJUDA – Em sinais de qualquer suspeita, acolher é o melhor caminho e logo procurar uma ajuda profissional, seja de um psicólogo ou psiquiatra e até dos dois profissionais, que vão atuar de forma multidisciplinar. “E é bom lembrar que esses profissionais não são para loucos, são agentes que auxiliam no diagnóstico do que está ocorrendo ao redor para evitar, por exemplo, o suicídio”, explica Cezar.