Algumas pessoas são bem apegadas as raízes e lugares. Eu nunca tive esse problema, pois sei que para o “lugar” eu posso voltar e as pessoas podem me visitar. Não sou apegada a bens materiais e esse desprendimento foi essencial para a minha recolocação profissional em outro estado e o posicionamento de marca como fotógrafa.
Eu venho de uma cidade cheia de fotógrafas maravilhosas, que estão em um alto nível da fotografia do mesmo segmento, especialmente. Um mercado desafiador que me trouxe muitas experiências. Precisei pegar todos os aprendizados e trazer para uma cidade litorânea em que faz calor 100% do ano, o oposto da realidade na serra gaúcha.
O que quero compartilhar aqui, tem a ver com a gestão de marca em qualquer lugar em que você esteja, como o marketing de relacionamento pode facilitar essa transição e como definir o posicionamento de marca de acordo com a realidade local.
1. Estudar o mercado e se readequar
É muito importante dedicar um tempo para entender o mercado e fazer ajustes para se adaptar em novas situações. Através da pesquisa de mercado descobri que haviam poucas pessoas trabalhando no mesmo estilo que o meu. Para os fotógrafos, é necessário chegar na região e ver o que tem ou já é feito.
Dessa forma, eu descobri que Maceió era um mercado em potencial! Há muitas grávidas (uma cultura diferente do Sul) e um espaço a ser ocupado por profissionais da fotografia com o meu perfil. Estabeleci foco para divulgar o meu trabalho com toda a dedicação possível.
2. Identidade fotográfica e alvos claros
Ter clareza do meu alvo e minha identidade dentro da fotografia, tornou o trabalho de construção de parcerias mais assertivo. Se eu sei “quem sou” consequentemente sei quem procurar como apoio. Aprendi ao longo dos anos de fotografia que a gente não consegue fazer nada sozinho.
E quando decidi buscar parcerias estabeleci o critério de identificação. O que os meus parceiros são e fazem deve conversar com o meu produto.
Então é interessante ter clareza do que você representa dentro de um contexto mercadológico para poder também se posicionar em ter parcerias do mesmo nível. E foi exatamente isso que eu busquei dentro dessa região: destacar o meu trabalho através de parcerias, usando o marketing de relacionamento.
Entrar em contato com as pessoas que trabalham no universo que eu trabalho: materno- infantil.
Procurei pessoas que lidam com gestantes – médicas, doulas, parteiras, fisioterapeutas – através de uma rede de apoio. Então fui inserida nesse contexto de várias maneiras, fiz amizade com pessoas e estreitei laços, assim as coisas começam a fluir nesse momento.
3. Ser flexível e me relacionar com as pessoas
Flexibilidade é a palavra do momento. Quando alguém muda de lugar e precisa recolocar sua marca em outro estado, o caminho não pode ser outro: é preciso ser flexível.
A cada vez que eu tenho que fazer um fechamento que foge dos meus moldes, preciso parar e pensar em uma maneira de ser flexível naquela situação. Pode ser com o pagamento (*sem dar desconto), numa proposta para uma parceira que ainda não conhece o meu trabalho a fundo ou de forma geral.
Até mesmo com os colegas fotógrafos é essencial. Essa é a peça que faz a engrenagem das estratégias funcionar.
E não adianta. A parte de se relacionar precisa ser feita, não pode ter vergonha de se expor. Em algum momento o profissional deve conversar com as pessoas apresentando o seu trabalho: “olá, eu vim de outro estado, meu trabalho é assim”.
As pessoas conhecem e se encantam. Converse com quem for preciso sobre o seu trabalho, se conecte com as pessoas. Não é eficiente ficar apenas no Instagram, postando conteúdo e impulsionando. Se isso funciona? É claro, mas não deve ser somente isso.
A parte do marketing de relacionamento tem sido 80% do sucesso do meu negócio.
4. Ser uma fotógrafa associada ABFRN
A região onde estou não recebe cursos da minha área. Os cursos, eventos e a fotografia em si, são mais fortes em Pernambuco.
Quando coletei as informações para definir meu plano de marketing nessa nova fase, percebi que havia muitos fotógrafos realizando ensaios fotográficos com poucas qualificações do universo da fotografia newborn. Eu entendi que essa era uma carência.
Claro que há profissionais tão ou mais qualificados que eu, mas são poucos de acordo com as pesquisas de mercado. E isso faz com que eu mantenha minha posição ainda mais firme, em apresentar meus princípios ao fotografar recém-nascidos e praticar a foto segura.
E acredito que esse foi o motivo mais forte para eu participar da Associação Brasileira de Fotógrafos de Recém-nascidos, para que justamente, essa questão de segurança seja cada vez mais cultural dentro da fotografia newborn.
A ABFRN é uma associação que qualifica os fotógrafos de recém-nascidos para que as pessoas entendam que é preciso procurar um profissional capacitado, e tenham clareza de quais as capacitações esses fotógrafos precisam. Isso transmite uma segurança maior para as famílias que querem fazer esse tipo de sessão. Outro ponto dessa ação, como estratégia, é a questão da autoridade. Premiações, qualificações e selos são referências de um profissional diferenciado, criando ainda mais autoridade no segmento.
Por ter muitos anos de experiência dentro da fotografia, achei que era a hora certa de me associar e mostrar isso para o público geral (que ainda está sendo educado). O público de Alagoas é bem diferente do Rio Grande do Sul e ao perceber essas diferenças, consigo direcionar minhas ações para crescer.
Por fim, outros profissionais da fotografia podem se inspirar em fazer o mesmo e assim, a cultura da foto segura será cada vez mais disseminada. Ter o selo ABFRN não quer dizer que eu sou a única que faz uma fotografia segura, mas é uma garantia e funciona muito bem.
Estou vivendo em Maceió no estado de Alagoas e a minha percepção é de que as pessoas que vem para essa região são bem recebidas, mas não enxergam a cidade como um lugar perfeito para estar ou empreender. As dinâmicas por aqui são mais leves e funcionam de maneira diferente, algumas coisas são bem difíceis de acreditar e concordar, mas o foco é sempre no positivo e na alegria de viver em um local considerado o paraíso!
Documentarista das lembranças que os filhos vão ter no futuro, Elysée é jornalista, especialista em fotografia e artes. Membro da Associação Brasileira de Recém-Nascidos, realiza sessões newborn atemporal e fotografia de partos documentais. Pesquisadora do poder das imagens como transformação social, acredita que as fotografias podem estimular vínculos, atuando no âmbito psicossocial, despertando sentimentos, informando e empoderando indivíduos.