O Janeiro Branco é uma campanha que busca chamar a atenção para o tema da saúde mental na vida das pessoas. Nesse período, a Maternidade Escola Santa Mônica (MESM), unidade assistencial da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal), por meio do Setor de Psicologia, ressalta a importância do trabalho constante de acolhimento humanizado em todas as etapas da paciente na maternidade, especialmente no tocante ao seu público – a gestante de alto risco.
Cerca de 20% das mães em países em desenvolvimento, incluindo o Brasil, desenvolvem depressão pós-parto e, segundo a Revista Panamericana de Salud Pública, entre 2,7% a 10,9% das mulheres grávidas apresentam ideação suicida. Esses dados demonstram a relevância do trabalho de acolhimento no momento da chegada de um filho, desde a descoberta da gestação até o nascimento do bebê – chamado de período gravídico-puerperal.
“O atendimento psicológico não se resume apenas a cuidar de problemas mentais e emocionais, mas também é uma oportunidade de proporcionar contato, reflexão e melhoria na relação consigo mesma, com a maternidade, com familiares e, sobretudo, com o bebê”, explicou Regina Coeli Japiá Mota, psicóloga da Maternidade Escola Santa Mônica. Uma atenção necessária principalmente num período cercado de muita expectativa e inúmeras transformações hormonais, emocionais, familiares e sociais vivenciadas pela mulher ou adolescente grávida.
A psicóloga informou ainda que, durante a gestação e puerpério, são consideradas questões como a ansiedade e inseguranças referentes ao parto, aos cuidados com o bebê, especialmente prematuros, e à aceitação da maternidade real e não idealizada. “Pensando nisso, o serviço de Psicologia da Santa Mônica atua 24 horas por dia visando identificar e dar suporte às pacientes que apresentam alterações emocionais”, pontuou Regina Coeli Japiá Mota.
A dificuldade no aleitamento, a longa permanência na instituição para acompanhar o bebê interno, a dificuldade em permanecer distante da família e de sua rede de apoio são alguns dos aspectos psicossociais do puerpério. Diante dessas circunstâncias, a psicóloga ressalta a importância do apoio emocional em casos de intercorrências clínicas, em situações de confirmação de malformação fetal, luto na gestação, parto ou puerpério, gestação na adolescência e gestação não desejada, que são alguns exemplos que requerem a atenção do setor de Psicologia.
Vários outros fatores são passíveis de afetar a mulher na gestação e puerpério, situações que contam com o suporte da Psicologia não apenas no Janeiro Branco, mas durante todo o ano, desde o distanciamento do cônjuge e o não reconhecimento da paternidade, até os casos de separação litigiosa, violência ou acolhimento e atendimento qualificado em casos de gestação decorrente de estupro (de adolescentes e mulheres).
“Vivenciamos situações diversas, algumas exigem, inclusive, interlocução com a rede institucional de apoio do próprio setor saúde, que pode ser a atenção básica, especializada ou de alta complexidade, da Assistência Social e do Setor Judiciário, visando sempre o bem-estar emocional da paciente, que normalmente precisa do cuidado após a alta hospitalar”, detalhou Regina Japiá.
Pandemia – No período de afastamento social devido ao novo coronavírus, o setor de Psicologia observou aumento da vulnerabilidade emocional, devido às restrições de acesso aos familiares, assim como pelo receio do próprio contágio e do bebê. “Nesse período oferecemos apoio emocional não só às pacientes, mas orientações e apoio também às famílias, quando necessário”, reforçou a psicóloga.