Mulheres nascem oprimidas. Desde pequenas ouvimos “menina, fecha essas pernas”, “menina não sobe em árvore”, “menina não fala palavrão”, isso é coisa de menino. Esses são apenas alguns exemplos do que a maioria de nós ouviu das nossas mães e que as nossas mães ouviram da mães delas a vida inteira. Essas falas moldam pensamentos, fazendo com que as mulheres se oprimam e não exerçam a sua liberdade como devem e merecem.
Embora os tempos estejam mudando, percebo ainda um ranço desse comportamento por aí. Na nossa sociedade, algumas formas de pensar continuam arcaicas, com fortes doses de machismo e preconceito. Mesmo com toda a evolução do século 21, mulheres continuam reféns de casamentos falidos e da falta de oportunidade para se desenvolverem intelectualmente. Não me refiro às mulheres das classes menos favorecidas, onde isso é mais comum devido à falta de escolaridade, mas às mulheres das classes A e B que se veem presas a uma realidade e que não conseguem se desvencilhar. Traições, violência psicológica, agressões verbais e físicas não deixam que muitas mulheres rompam com a instituição do casamento e vivam a sua liberdade.
Os casos de violência doméstica não param de crescer. Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgados em setembro, a cada dois minutos uma mulher é agredida no Brasil. O lar é o lugar mais perigoso para as mulheres, de acordo com uma pesquisa realizada pela ONU em 2017. Pelo menos 87 mil mulheres foram assassinadas e cerca de 58% delas foram vítimas de seus companheiros ou membros da família. De acordo com esses dados, você acha que as mulheres já conseguiram se libertar?
As próprias discussões acerca do aborto são um exemplo claro de que a mulher AINDA não é dona do próprio corpo, portanto, não é livre. Mesmo a mulher vítima de estupro não pode abortar. Muitas engravidam sem querer, por imposição do companheiro que quer ter muitos filhos e a obriga a ter relações desprotegidas. Quem é livre numa situação como essa?
A liberdade ainda não faz parte da vida da gente plenamente. Somos julgadas por fazer sexo no primeiro encontro, pela quantidade de parceiros que tivemos, por escolher namorar outras mulheres, por ter filhos de forma independente, por optar em ser dona de casa, por ser gordinha, por ser magra demais, por ser fitness, por gostar de comer. Vivemos uma liberdade utópica, cerceada de preconceitos e julgamentos por todos os lados, principalmente depois que as redes sociais dominaram as nossas vidas.
Cansadas de tudo isso, muitas mulheres estão aderindo ao “Sou quem eu posso ser”. Se você é mãe e por isso não consegue ser a melhor executiva do mercado, tudo bem. Se você é a melhor executiva do mercado, será a melhor mãe que puder ser e está tudo bem! Se não consegue ir à academia todos os dias e por isso sua bunda não olha pro céu, tudo bem também! Nós somos quem podemos e CONSEGUIMOS ser. E está tudo bem! O mundo não vai te dar em dobro o tanto que você oferece a ele. Como se diz na Yoga: você é o que você é e isso é suficiente. Sempre.