Minha primeira transição capilar, foi a transição natural. Nasci lisa, e aos poucos, meu cabelo foi encaracolando. Até os 9 de idade, estava com o cabelo cacheando e dos 9 aos 12, cacheou tudo!
Foi aos 9 que recebi o primeiro relaxamento. Existe uma pregação errada que percorre os salões de que química transformadora é tratamento capilar. Caindo nessa ilusão, minha mãe e minha tia aplicaram em casa mesmo, meu primeiro relaxante capilar.
Mas ao invés de “soltar” os cachos e resolver o ressecado, como prometido pela marca, meu cabelo ficou com aspecto de “fofo”, principal característica de porosidade causada pelas químicas transformadoras. E o que dizer da sensação de “queimor” que eu sentia no couro cabeludo? Os olhos ardendo, a sensação de que aquilo não era nada bom para uma criança! Essa sensação é algo que nunca esqueci e o motivo para que eu criasse aversão a químicas capilares até hoje.
Com minha resistência em repetir a operação, a partir dos 10, entrei no ferro de passar, para alisar os cabelos em casa.
Que memória!
O que havia de errado em ser como eu era? Por que minha mãe não me chamava de princesa? E por que não existiam princesas cacheadas para que eu pudesse me sentir representada? Mas afinal, qual o erro em ter o cabelo cacheado, se minha origem, feita de índios, brancos e negros causou tal mistura? Ao invés disso, minha autoestima era ignorada e eu apenas tinha que fazer algo.
Foi aí que aos 12 em diante, minha mãe havia aberto mão de cuidar dos meus cabelos. Eu já me virava bem, sozinha. Doía menos eu mesma pentear e tateando aprendi a “ensopar” meus cachos com cremes. Uma forma de ressaltar o efeito “molhado”, que faria com que o cabelo parecesse liso, mas sem alisar, para não sofrer mais dores. E também, uma forma de esconder as duas texturas diferentes: a raiz nova, cacheada desde sua formação e no comprimento, o cabelo relaxado pela química.
Até que aos 14, fiz o meu primeiro corte de cabelo com uma cabeleireira. Até então, era minha mãe, quem unia as pontas e passava sua tesoura de costura. Nesse momento, descobri que teria que aprender também a cortar meu cabelo. Ao cortar molhado, entrei no salão com os cabelos na cintura (na época eu adorava ter cabelão), e ao sair, surpresa: cabelo no pescoço quando seco!
Sem consciência, recebi o “Big Chop”, sigla em inglês, que em português quer dizer “Grande Corte”, e toda a química foi retirada e o cabelo natural e frágil ganhou de presente a Especialista em cachos que sou hoje. Eu tinha que aprender a cuidar dos meus cabelos e fui em busca de conhecimento técnico.
Quando conheci meu cabelo natural de verdade, tratado!, eu conheci a Tamires que sou de verdade. Aprender a cuidar do meu cabelo me ensinou que eu só sofri química porque não sabia como cuidar. E é essa minha missão: impedir que crianças cresçam com suas autoestimas abaladas e mulheres sofram com processos de embelezamento, quando na verdade, tem cabelos incríveis!
É isso o que acho do meu cabelo. Maravilhosamente lindo! Se você também quer conhecer as qualidades do seu cabelo natural e dos seus filhos, eu posso te ajudar.
Minha grande percepção foi a de que só recorremos a químicas por não sabermos cuidar do nosso cabelo natural.
Será um caminho sem volta de autoestima, aceitação, empoderamento. Enfim, o prazer real em ser quem somos e como somos.
Mãe, proprietária do Assessoria dos Cachos, Especialista em cachos pioneira em Alagoas. Empoderar pessoas através do uso cabelo natural é sua missão: sobre cabelos e identidade.