A cena é clássica. Quem nunca se pegou falando uma gíria de algum personagem da novela? Ou ficou com uma música chiclete – OI OI OI – de um tema na cabeça? E até mesmo pediu no salão de beleza um corte de cabelo bem parecido com a protagonista da trama? Mudança de comportamento. Moda. Estilo. A novela tem poder de influenciar a rotina de seus telespectadores, sem dúvida. .
O comportamento que se transforma é uma característica marcante das novelas brasileiras e as influências também são externas, pois os autores de cada trama sempre buscam ficar atentos as mudanças políticas e sociais de modo a introduzi-las de alguma maneira em suas ficções. Nilson Xavier, no entanto, observa que não se pode exigir um aprofundamento nessa seara.
Nilson Xavier – autor do “Almanaque da Telenovela Brasileira” (Panda Books), criador do site Teledramaturgia (www. teledramaturgia.com.br), colunista do UOL e do site do canal “Viva” – explica que a telenovela é, acima de tudo, entretenimento. Esse é o seu principal papel e no máximo, pode informar.
No “Dicionário da TV Globo” (Jorge Zahar Editor), os exemplos das ações citadas por Xavier ficam por conta de ‘Explode Coração’ (1995) ao denunciar o desaparecimento de crianças; ‘Laços de Família’ (2000) tematizando o transplante de medula e ‘O Clone’ (2001) abordando a questão das drogas. Além disso, tem-se o fenômeno ‘Avenida Brasil’(2012) que relata os caminhos da vingança.
Segundo Xavier, o grande divisor de águas agora é a internet. “A telenovela sempre acompanhou a evolução dos tempos, até mesmo por uma questão de sobrevivência. Para garantir sua longevidade, ela precisa se unir às novas mídias que vão surgindo e que a ameaçam, como a internet. O maior exemplo disso são os casos de ‘transmedia’, como ocorreu no ano passado na novela ‘Cheias de Charme’, em que o clipe das Empreguetes foi lançado primeiro na web e depois dentro da própria novela”, observa o estudioso.
Por Manuela Félix
