A glândula tireoide é uma das mais importantes do corpo humano, responsável pela produção de hormônios que controlam o metabolismo. Quando há desequilíbrio nessa produção, seja para mais ou para menos, o gasto de energia pelas células apresenta picos desregulados, afetando diversos sistemas do corpo, e desenvolvendo doenças como o hipertireoidismo e o hipotireoidismo. Segundo o IBGE, 15% da população brasileira sofre com problemas na glândula. A estudante Paula Borges, de 20 anos, nunca tinha ouvido falar de nenhuma das duas condições médicas relacionadas ao desequilíbrio hormonal tireoidiano quando começou a apresentar os sintomas do hipertireoidismo. “Perdi muito peso num curto período de tempo, comecei a ficar sem força para a academia e com intolerância ao calor. Minha insônia também aumentou consideravelmente”, lembra. Com 14 quilos a menos e sem disposição para exercícios físicos, ela recebeu a indicação de seu pai, que é médico, para procurar uma endocrinologista.
Com exames de sangue, as taxas insuficientes de TSH (hormônio estimulante da tiroide) e a alta dosagem de tiroxina (T4) e triiodotironina (T3) constaram o diagnóstico. O passo seguinte era respeitar a medicação, administrada por via oral, que reduz a função da tireoide e controla a produção dos hormônios. Fabiano Tenório, endocrinologista do Hapvida Saúde, atenta que a lista de sintomas característicos da doença é bem maior. “Pacientes neste quadro apresentam também taquicardia, tremores nas mãos, transpiração excessiva, falta de apetite, queda de cabelo, irritação, ansiedade e perda de cálcio nos ossos”, pontua ele.
Pré-disposição genética é um fator considerável para o hipertireoidismo, cuja média de indicativo é entre os 30 e 40 anos de idade, com incidência maior no sexo feminino. Ele explica que a doença não leva à morte, entretanto, deixa o paciente dependente de medicação controlada pelo resto da vida. Paula vê essa obrigação como incômoda, porém necessária. “Claro que é chato ter que tomar remédio todos os dias, mas tenho consciência de que a baixa autoestima e os sintomas podem voltar se eu esquecer de tomar. Mas é tão ínfimo comparado a outras condicionalidades. Dá pra viver com isso”, comenta a estudante. Adepta da musculação, interrompida pela indisposição constante, ela retomou as atividades após iniciar a medicação.
Hoje já não sente dificuldades em levantar cargas pesadas e executar movimentos que exijam força, e com auxílio de um profissional de nutrição está seguindo novo plano alimentar que evita nutrientes prejudiciais o quadro, a exemplo do iodo e do sódio. Em seis meses, já recuperou 10 dos 14 quilos liminados desde a manifestação da doença.