1960. Este foi o ano da revolução sexual no mundo ocidental, devido ao lançamento do primeiro anticoncepcional. Lançamento este considerado um divisor de águas na vida de milhares de mulheres sendo, inclusive, símbolo da emancipação feminina já que trouxe consigo uma era de liberdade e independência sexual para elas, além de dá-las a possibilidade de escolher (ou não) a maternidade através do autocontrole de sua própria fertilidade.
Com a revolução sexual dos anos 60 e 70 com os movimentos hippies, o uso da pílula anticoncepcional ganhou força entre mulheres por possibilitá-las a desfrutar do prazer sexual sem o medo de depois passar por uma gravidez indesejada. Outra coisa que fomentou bastante o uso das pílulas foi a segunda onda do feminismo, como produto favorável à emancipação feminina.
Contudo, à medida que o uso destes hormônios sintéticos se popularizou, as contraindicações e efeitos colaterais relacionados a estes remédios também foram ficando conhecidos e hoje a geração millennial, nascida entre 1980 e 2000, revoga o manejo de anticoncepcionais e faz alertas sobre as consequências negativas do seu uso. Tais efeitos seriam:
1. Problemas de saúde
Mudança de humor, aumento de peso, enxaqueca, baixa na libido e trombose são os problemas mais comuns relacionados ao uso de anticoncepcionais e, em alguns casos, levando usuárias da pílula a situações mais agravadas – e incluso a óbito. Um caso que chegou aos meios de comunicação foi de Charlotte Foster, que faleceu aos 23 anos após sofrer embolia pulmonar – que é o bloqueio das artérias dos pulmões. Depois de muitas análises, um inquérito mostrou que a única causa do óbito de Foster foi o uso da pílula anticoncepcional.
Trombose é outra doença também causada pelo uso da pílula que vem aumentando entre mulheres. Entre 2014 e 2016 o estado do Paraná registrou aumento de quase 12% nos números de mortes causadas pela trombose venosa profunda e, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde do Paraná, as causas principais desta enfermidade são sedentarismo e uso de anticoncepcional associado a maus hábitos.
2. Ansiedade e depressão
Segundo um estudo publicado pela Associação Médica Americana Jama Psychiatry, o uso de pílulas anticoncepcionais pode causar depressão devido ao vínculo entre o medicamento sintético e seus efeitos sobre os hormônios do corpo humano.
Vale lembrar que até hoje não existe uma pesquisa que dê a margem de 100%, porém existem inúmeros estudos que afirmam que sim, existe uma ligação entre anticoncepcionais e ansiedade e depressão. Reforçando a ideia, o site Broadly publicou em 2019 que, cada vez mais, existem estudos e pesquisas que falam sobre um vínculo forte entre o uso de pílulas anticoncepcionais e ansiedade e depressão. Segundo a publicação, jovens que fazem uso do remédio tem um risco de 80% de tomar algum tipo de antidepressivo.
3. Custo
Por ser um medicamento de certo custo e de obrigatoriedade de uso uma vez que seja iniciado o tratamento, muitas jovens deixam de tomar tal medicamento devido a dificuldades financeiras. Uma boa solução seria a criação de políticas públicas para distribuição consciente do medicamento de forma gratuita a mulheres com vida sexual iniciada e em situação de vulnerabilidade social.
É necessário lembrar que existem diversos artigos e profissionais que defendem o uso das pílulas anticoncepcionais e afirmam que as reações adversas são pontuais e mínimas quando comparado ao número de pessoas que fazem uso destes remédios. Porém o uso deste tipo de medicamento, como qualquer outro tipo de droga, é um risco para a saúde quando tomado de forma imprudente.
É também importante frisar que existem outros métodos anticonceptivos, como camisinhas feminina e masculina e o DIU – sendo este o mais usado pelas europeias. Contudo, quando se fala sobre controle hormonal, o anticoncepcional é o protagonista do assunto.
O que se pode indicar a alguém que está pensando em tomar pílula anticoncepcional é, antes de tudo, perguntar sobre todos os cenários de risco possíveis ao seu ginecologista, fazer exames regulares e pesquisar bastante sobre o remédio tomado em específico.
Flávia Motta é jornalista, tradutora e professora de idiomas. Nas horas vagas se arrisca a escrever nos idiomas os quais andou aprendendo nessa vida. É alagoana de nascimento e criação, e com orgulho, mas se considera passageira do mundo.