Aposto que, com tudo que passamos, você nunca havia permanecido tanto tempo no mesmo ambiente, mesmo ele sendo seu próprio lar. Isso nos faz observar as pessoas ao nosso redor, assim como tudo a nossa volta. Trocamos quadros de lugar, inventamos decorações novas, sentimos necessidade de cores para ocultar o acinzentado de nossos dias… Também enjoamos das cores existentes, que talvez, não tivessem sido escolhidas de forma ideal para aquele local. Pensando bem, não deveríamos olhar para dentro de casa desde o começo?
O ambiente em que nos encontramos diz muito sobre nós mesmas e nossos sentimentos. Uma pessoa triste e desanimada tende a deixar tudo sempre bagunçado, como um reflexo despretensioso do que está sentindo. Porém, assim que nos sentimos felizes e dispostas, há aquela vontade absurda de arrumar, decorar e limpar tudo ao nosso redor. Às vezes a bagunça nos irrita, não é mesmo?
Quantos de nós, ao alugarmos uma casa, pensamos: “não vou gastar com decoração, afinal, é temporário!”. Porém, nunca sabemos quanto “temporário” realmente será.
Seria mesmo um gasto supérfluo? O que você busca no seu dia a dia? Paz, tranquilidade, motivação, acolhimento e aconchego? Nossa casa deve ser sempre o melhor lugar possível, onde as memórias se glorificam, os costumes e manias se concretizam, aquele onde sempre estamos ansiosas para voltar, em que nos sentimos bem e seguras. E essa segurança vai muito além de cadeados em portas e janelas. Quando estamos em um lugar bonito, tranquilo e organizado, há uma maior probabilidade de nos sentirmos da mesma forma.
Por isso, não pense duas vezes antes de decidir cuidar do ambiente que te cerca de forma equilibrada. Coloque cores, texturas, formas, vegetação e objetos diferentes em casa. Otimize a posição dos móveis, imprima a sua personalidade. Faça dela um local onde se sinta bem e satisfeita com a pessoa incrível que você é. Sim! Você é incrível, abra seu coração e olhe para dentro. Precisa de uma “help”? Me encontre nas redes sociais. Terei o maior prazer em ajudar!
Encerro o texto de hoje com a poesia CASA ARRUMADA de Carlos Drummond de Andrade. Uma das respostas fantásticas de um casal de clientes para o briefing de um projeto para Residência Unifamiliar.
CASA ARRUMADA
“Casa arrumada é assim:
Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa entrada de luz.
Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um cenário de novela.
Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os móveis, afofando as almofadas…
Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo: Aqui tem vida…
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras e os enfeites brincam de trocar de lugar.
Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.
Sofá sem mancha?
Tapete sem fio puxado?
Mesa sem marca de copo?
Tá na cara que é casa sem festa.
E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.
Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.
Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante,
passaporte e vela de aniversário, tudo junto…
Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda.
A que está sempre pronta pros amigos, filhos…
Netos, pros vizinhos…
E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca ou namora a qualquer hora do dia.
Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.
Arrume a sua casa todos os dias…
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela…
E reconhecer nela o seu lugar.” – Carlos Drummond de Andrade
Apaixonada por arquitetura, design e moda, Yara Carvalho é Arquiteta e Urbanista formada pela Universidade Federal de Alagoas. Natural de Juiz de Fora-MG, mora há 20 anos no Paraíso das Águas, Alagoas, onde firmou suas raízes. A frente do escritório YA Arquitetura, confia no poder da criação para transmitir emoção, experiências e transformar vidas.
