Nos últimos dias, impactados pela barbárie de mais uma guerra em pleno Século 21 e ainda sofrendo as consequências da maior crise sanitária da atualidade, acompanhamos um presidente que passou de humorista a estadista. Volodymyr Zelensky, líder da nação ucraniana, adotou uma postura diferente diante de acontecimentos tão agudos, desafiadores e complexos. E isso o tornou claramente um estadista.
Digo isso analisando a maneira como ele se posicionou diante do inimigo – considerado por muitos como superior – e, também, como se comunicou com seu povo e se comportou perante outros líderes mundiais.
Quando se fala em mundo VUCA, ninguém imagina que algo tão significativo possa acontecer, como uma guerra dentro de casa. Mas é o que tem ocorrido. Há um mês, Rússia e Ucrânia se enfrentam em um conflito que já deixou milhares de mortos, entre civis e militares.
Pelos acontecimentos iniciais, a postura de se manter firme, “não abandonar o barco”, manter comunicação frequente, direcionar as ações e tentar se movimentar para influenciar o ambiente externo realmente tornam Volodymyr um líder diferente. É mais que meramente um político.
Mas algo me intrigava: como um artista foi da comédia à presidência e da presidência a uma liderança impactante? Só pelas suas próprias crenças, por influência familiar ou pela sua formação profissional? Até que comecei a ver reportagens com entrevistas dos ucranianos, militares e civis – se é que existem civis atualmente lá – que estão vivenciando tudo aquilo no front.
Soldados com armas tecnologicamente inferiores, um exército com número menor de combatentes, cidades cercadas e inferioridade aérea. Esta é a realidade das forças armadas ucranianas.
Apesar desse cenário, os soldados ucranianos demonstram certeza inabalável na vitória. O propósito de lutar pela sua terra e seu povo não os deixa em dúvida sobre como devem enfrentar essa guerra: de cabeça erguida e confiantes em um resultado positivo para a Ucrânia.
Para os civis ucranianos, a realidade também tem sido cruel: território cercado, mulheres e filhos sendo forçados a se refugiar em outros países e nenhuma experiência anterior em situação de guerra. Muitos deles poderiam se revoltar e querer fugir. Talvez, é o que nós, olhando daqui, pensamos inicialmente como atitude a ser tomada.
Entretanto, essa ideia não passa pela mente da maioria dos civis que estão lá, pois eles estão convictos de que permanecer e lutar ou ajudar na logística da guerra é o certo a ser feito. Eles simplesmente não pensam em nada diferente disso, pois o fato de seu país e seu povo serem ultrajados por um invasor é algo que deve ser combatido da forma que for possível.
Assim, mesmo em uma situação dessas e sem vivência militar, eles têm a confiança de que esse é o caminho a ser seguido para garantir a liberdade do seu país.
O que podemos aprender com isso? Simples: um líder não lidera sozinho. Um grande líder depende diretamente dos seus liderados e, talvez, sua forma de liderar seja totalmente influenciada pela postura da sua equipe.
Os ucranianos influenciaram diretamente o comportamento do seu presidente. Seria inadmissível uma postura diferente de Zelensky diante da “confiança ucraniana” em lutar essa guerra e vencê-la.
As lições que podemos tirar dessa tragédia humanitária é que podemos ser líderes melhores e inspiradores se cultivarmos um time a partir de um propósito claro e condizente com seus valores.
Quando declaramos e transparecemos a missão com nossas atitudes e ações, conduzimos nossas equipes a um nível mais alto. Se nossa visão será atingida? Não temos essa certeza. Porém, chegar muito mais longe será um fato.
Desejo que a confiança ucraniana nos inspire a irmos mais longe e que nos mantenhamos na batalha diária com a certeza de que atingiremos nossos objetivos.
Vinicius Menezes, CEO da Vital Assistência e Gestão, médico e gestor/ empreendedor