O que está por trás do nosso amor próprio?

Ilustração: rawpixel.com - www.freepik.com

Existe um abismo entre amar, ser amado(a) e sentir-se amado(a). 


Você na vida adulta já deve ter percebido que existe uma grande diferença entre a sensação e a prática efetiva de ser amado(a), não é mesmo? Em nossa formação enquanto pessoas, possuímos algumas escaladas emocionais, das quais, sem elas criamos lacunas existenciais que nos levam para uma vida adulta pouco saudável e autêntica.

Recebo frequentemente na minha prática clínica as seguintes queixas – “mas eu amo tanto, por que não posso ser amado(a) igual, isso é pedir muito?” “Só queria receber o que eu tenho doado todos esses anos.” “Me sinto vazio(a), como se ninguém pudesse me amar como eu mereço.”

Mas o que pode estar por trás de toda essa indagação tão frequente nos tempos atuais? Nosso amor-próprio e autoestima são sentimentos dos quais vale a pena lutarmos para termos em nossa vida pessoal, social, relacional e de trabalho. 

Esses sentimentos florescem ainda quando criança, em contato com nossas famílias, amigos e escola, mas precisa perpetuar e ser fortalecido em nossa vida adulta. Idealmente todos nós deveríamos ter uma infância regada de incentivo a nossa autoestima, deveríamos nos sentir amados e apreciados por nossa família, aceitos pelos pares e ser bem-sucedido na escola, deveríamos ter recebido elogios e encorajamento sem excessiva crítica ou rejeição. Mas, sejamos sinceros, isso pode não ter sido o que ocorreu com você ou com a grande maioria dos leitores que aqui estão. 

Mas eu lembro de ter sido muito amado(a) por meus pais e ainda assim sinto que não tenho todo amor que merece, como isso é possível? Podemos ter a lembrança de que fomos amados por nossos pais e ainda sim na vida adulta desenvolver a dificuldade em sentir esse amor. Isso também vale para o sentimento do outro, você pode amar determinada pessoa, porém isso não lhe garante reciprocidade.

Amar não é apenas um sentimento, a palavra AMAR, por diversas vezes pode ser substituída por “gostar”, “estimar”, “querer bem” ou “apreciar”, mas não somente isso, amar vai muito além do querer bem ou gostar de alguém. Amar é muito mais que um sentimento é uma DECISÃO.

E para isso a sua perspectiva de amor precisa ser atualizada para algo incondicional e não AMAR APESAR DE. Se você aprendeu sobre amor de forma condicional, sinto lhe dizer, você só amara alguém ou a si mesmo somente se a palavra “quando” estiver envolvida.

“Vou gostar mais de mim quando cortar meu cabelo”, “Fulano só será aceito quando mudar de postura”, “Quando eu perder 20 quilos começo a frequentar aquela academia”.


Nosso amor-próprio verdadeiro não é sobre nossa aparência física, ou aparência publicada nas redes sociais. O verdadeiro autoamor tem relação em como você se sente internamente, quando ninguém está te olhando, quando você está sozinho(a) e sendo sua única companhia.

Se você sentiu que precisa rever seu conceito de amor / autoamor, procure um profissional que possa te ajudar a equilibrar todo esse potencial que vive dentro de você. Enxergar a sua trajetória até aqui, pode te ajudar a ser mais assertivo(a) e intencional com suas atitudes no presente.

Meu desejo é que você possa se olhar com mais autocompaixão e atender as suas necessidades de forma intencional, leve e autêntica.

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