“Preciso corrigir meu nariz.” “Meus seios são muito pequenos.” “Quero o rosto igual ao daquela atriz.” Mesmo sendo o padrão de beleza mais cobiçado no mundo, as brasileiras também sentem necessidade de mudanças no corpo. E com pensamentos como estes, a cada ano, milhares de brasileiros se submetem a operações plásticas, no intuito de melhorar sua aparência e aumentar o ego, em busca do sonho da beleza perfeita. Em Alagoas, a situação não é diferente.
Foi o caso da Daniela*, 23 anos, que, por 10 anos, sofreu com brincadeiras de mau gosto de colegas por causa do tamanho do seu nariz e decidiu se submeter a uma rinoplastia, após descobrir um desvio no septo. A cirurgia, que além de corrigir a função respiratória, serve também para redefinir o nariz. O procedimento custa em torno de R$10 mil.
Decisão
Até uma colega de sala comentar sobre o tamanho do seu nariz, Daniela não tinha paranoia com o corpo e cirurgia plástica era como um mito para ela. “Cheguei a casa e fui correndo direto para o espelho. Durante esse tempo recebi alguns apelidos, como tucano e ventão. Passei 13 anos sendo motivo de chacota”, falou.
Preparação para cirurgia
Durante uma sessão cirúrgica, o paciente pode sofrer alguns problemas como, infarto, choque anafilático, infecções e até acidente vascular cerebral (AVC), podendo levar a morte. Então, tanto como o pós, o pré-operatório, como exames, hemogramas e testes são de extrema importância. “Precisei realizar todos os tipos de exames e fazer jejum 12h antes da operação. Mas o principal é controlar a ansiedade e a expectativa. Você fica com a cabeça a mil! É importante que sua decisão caiba nos moldes que seu corpo comporta. Felizmente, nunca sonhei com o nariz da Barbie (risos)”, disse.
Procedimento cirúrgico
Na rinoplastia, o procedimento é menos duradouro do que outros, como o implante de silicone. A anestesia pode ser local ou geral e a cirurgia dura cerca de 3 horas. Contudo, deve-se ater para o pós-operatório, que é de extrema importância. O resultado nesse tipo de cirurgia pode aparecer com um mês, mas a estimativa é de 3 meses a 1 ano.
Pós-operatório
Após o procedimento cirúrgico, Daniela não sofreu muitas restrições com o pós-operatório. “Tive que ficar de repouso, não baixar a cabeça para evitar sangramentos, tomar antibióticos por uma semana e fazer compressas de gelo nos hematomas. Até hoje devo evitar o sol e ambientes muito quentes, porque podem aumentar o inchaço, mas não altera muito meu dia a dia. O inchaço e os hematomas desagradam, mas felizmente não senti absolutamente dor nenhuma.”, relatou.
O resultado
Operada há 3 meses, Daniela afirma que sua autoestima melhorou 100% e ainda dá uma dica para quem está pensando em mudar o visual. “Só faça plástica se estiver realmente firme desta decisão e não porque outras pessoas dizem que você deve fazer. Pense, converse com médicos e com seus pais, pois é algo que também pode colocar sua vida em risco se for feita de qualquer jeito”, ressaltou.
Desde a estabilização da economia, entrar na faca integra o rol de desejos possíveis da classe média, que é a que mais procura esses tipos de procedimentos. Por serem rápidos, muitas vezes seguros e eficazes, o número de plásticas cresce 250% a cada ano, e põe no canto o mito que só mulheres procuram a perfeição da beleza comprada. O que dá margem também ao crescimento de profissionais sem especialização para realizar cirurgias.
Segundo Marly*, dermatologista, algumas cirurgias de rinoplastia estão sendo realizadas por otorrinolaringologistas e até mesmo dentistas, o que acaba provocando desentendimento entre profissionais da área. “Por ser um problema que pode ser sanado através de um desvio séptico ou um implante bucal, a rinoplastia acaba sendo um pequeno detalhe, o que acaba agredindo aos que estudaram e se especializaram em cirurgia plástica, além de poder comprometer a saúde do paciente”, falou.
Então, antes de ter aquele rosto tão sonhado, pense se realmente é necessário.
*Os nomes dos entrevistados foram trocados a fim de preservar sua identidade.
Flávia Motta é jornalista, tradutora e professora de idiomas. Nas horas vagas se arrisca a escrever nos idiomas os quais andou aprendendo nessa vida. É alagoana de nascimento e criação, e com orgulho, mas se considera passageira do mundo.
