Talvez a fase mais esperada pelos pais seja a da alfabetização. Nesse momento muitas comparações acontecem, inclusive assim:
“Aos 7 anos eu já sabia ler e escrever muito bem, então meu filho também vai.”
“Eu odeio ler, então meu filho também vai.”
Mas em terra de letrados, peixinho não é filho de peixe. As pessoas são muito diferentes entre si, inclusive pais e filhos.
A aprendizagem é viva, dinâmica, cheia de nuances, como a própria vida o é. Ela não acontece em linha reta e nem da mesma forma para todas as pessoas. Todo mundo sabe disso, mas, quando se trata dos filhos e das expectativas criadas sobre eles, parece que tudo muda. Agora, te convido a pensar na sala de aula do seu filho.
Na salinha do seu filho, com 15 ou 20 crianças, uma única professora está oferecendo para esses alunos o mesmo material e método. Mesmo sabendo que cada um tem sua identidade, tempo e preferências, é isso que “dá para fazer”.
Por isso algumas crianças vão levantar várias vezes, outras vão olhar sem ouvir, outras vão conversar e outras vão estar vidradas no professor, interessadas e absorvendo o conteúdo. Isso no dia de hoje. Amanhã tem rodízio e aí quem estava em pé num dia, estará desenhando no outro e quem estava prestando atenção vai se distrair. É algo muito fluido.
Mesmo que seu filho não seja uma criança muito agitada, o que determina quanto ela aprende em certo dia é quanta motivação ela sente para se envolver na atividade proposta. Ainda que um professor entregue sempre aulas muito divertidas e dinâmicas, um ou outro não vai gostar tanto e tudo bem. É bem raro que numa sala com tantas pessoinhas cheias de vontades, todos se sintam motivados pelas mesmas coisas.
É totalmente esperado que no 1º ano algumas crianças já estejam alfabetizadas no primeiro semestre e outras não. Isso acontece justamente porque as pessoas são diferentes e aprendem em ritmos diferentes. Aplique essa lógica para a vida escolar do seu filho e se liberte da pressão de que ele siga os seus passos ou os passos dos amigos.
Permita-se viver um dia de cada vez, contemplando esse lindíssimo processo que é o de descobrir que aqueles desenhos “fazem som” e nós podemos usá-lo para nos comunicar um com outro mesmo estando muito longe.
Com afeto, Letícia.