O Brasil vive um momento favorável para o crescimento feminino no mercado de trabalho e também na liderança das empresas. Este cenário está em expansão devido ao aumento da renda da população. Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2011 as mulheres representaram 45,4% da população em atividade no Brasil, um crescimento notório para uma característica que antes era tida como “coisa de homem”. Isto prova que a participação feminina no desenvolvimento da economia nacional é de grande relevância.
Como exemplo vivo dessa estatística, Amalia Sina é reconhecida como uma das mais bem-sucedidas executivas brasileiras de sua geração. Foi presidente da Philip Morris do Brasil, da Walita do Brasil e sênior vice-presidente da Philips para a América Latina. Com MBA em Marketing pela FEA/USP e pós-graduada em Gestão de Marketing pelo Triton College, de Chicago, é escritora, palestrante, foi professora universitária das principais escolas de negócio no Brasil (USP, Dom Cabral, FGV, ESPM), membro do Conselho Superior de Economia da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e membro da Associação Brasileira de Marketing. Atualmente, é dona da Sina Cosméticos, uma das poucas marcas brasileiras a figurar no bilionário segmento da beleza.
Dentro da temática Mulher e Trabalho, conte-nos como foi/é lidar com a ideia de “mulher, o sexo frágil”. Esta barreira existe no mundo dos negócios?
O mundo dos negócios não é machista, mas é masculino, repleto de códigos criados por homens num momento em que não havia mulheres em posições de comando. Sendo assim, para que uma mulher consiga ganhar espaço no mercado de trabalho, tem que, necessariamente, ser capaz de desvendar parte destes códigos – o que lhe adianto não ser uma tarefa fácil. A mulher é mais sensível, de alma mais delicada, o que não quer dizer que seja o sexo frágil. Esta característica da mulher tem facilitado sua ascensão e emprestado mais sensibilidade às corporações que dirigem, o que torna o ambiente mais propício para o desempenho do pleno potencial humano. Por outro lado, existe um telhado de vidro dentro das empresas e a mulher, em geral, tem que pagar um preço alto para quebrá-lo e atingir o topo da liderança. Nem todas estão dispostas a pagar o preço e poucas estão preparadas para suportar a pressão que é lutar em arena onde quem domina são os homens. Daí, a beleza do desafio no mundo dos negócios para a mulher que tem a ousadia de enfrentá-lo, pois terá oportunidade de fazer a diferença.
Fale-nos também sobre sua trajetória. Quais os desafios marcantes que você enfrentou durante sua carreira?
Aos 23 anos de idade, eu defini um plano de carreira: ser gerente antes dos 30, diretora antes dos 40 e presidente antes dos 50 anos de idade. Fui presidente aos 36 anos, ou seja, atingi meus objetivos antes do previsto. Defini este plano quando tive meu primeiro emprego, numa empresa americana de pesquisa de mercado, onde descobri duas características de personalidade que me ajudariam para a vida toda dentro das empresas. Descobri que tinha talento para comunicação e capacidade de analise numérica. Ou seja, eu conseguia analisar situações e explicá-las de maneira mercadológica para as empresas. Isto me fez ser capaz de concluir o que deveria ser feito através da análise de dados, ou seja, aprendi a transformar dados em informação e, depois, em conhecimento.
É difícil montar um negócio próprio?
Todo início de negócio é complexo, porque se trata de algo novo. O que gera preocupação são as inúmeras mudanças quando se enfrenta algo desafiador. Entretanto, no meu caso, o mais difícil foi a burocracia que o Brasil tem para abertura de empresas, o sistema tributário, a quantidade de documentos necessários para atuar como empresário. O negócio em si é desafiador, mas não difícil. Em adição, escolhi o mercado de cosméticos, que é pujante, pois apresenta um crescimento médio de 15% ao ano há mais de 24 anos sucessivamente. Sendo assim, o desafio de iniciar um negócio é grande, mas fica menor quando o segmento é interessante e rentável.
Existe uma fórmula para as mulheres que querem ser bem-sucedidas?
Sempre tomei como base três pilares na minha carreira: trabalho, talento e ousadia. Se analisarmos estes três pontos, veremos que um não vive sem o outro e quando falta um deles o resultado fica comprometido. Em adição, o equilíbrio é o que deve dar o tom para que a mulher consiga desenvolver seus diversos papéis na sociedade. Ter preparo para enfrentar o mercado é vital, ou seja, ter desempenho técnico e equilíbrio emocional contribuirão para uma rápida evolução. Ainda assim, de pouco vale ter sucesso se não for acompanhado de felicidade.
Como é lidar com diferentes papéis sociais entre ser uma executiva/escritora/professora/mãe/esposa?
Tenho para mim duas máximas quando acordo pela manhã: a primeira é que não sou perfeita, e a segunda é que não vou conseguir agradar a todos e entregar tudo o que esperam de mim. Sabendo disto, a vida já começa a se equilibrar, pois não me sinto obrigada a buscar a perfeição.
Criei uma teoria, que chamo de “Teoria dos 70%”, que reza o seguinte: sou uma mãe que ama 100% meu filho, mas, ainda assim, nem sempre estou presente quando ele precisa de mim, ou seja, sou uma mãe 70%. Como escritora, tenho oito livros publicados; porém, com certeza, existem milhares de livros melhores que os meus, já que os meus são livros 70%. Ainda assim, escrevi oito livros, sendo um deles premiado com o Troféu Cultura Econômica. O que acontece, em geral, com muitas pessoas é que elas querem escrever livros 100% perfeitos e travam na hora de escrever um que não atinja um nível máximo de excelência. E assim acontece quando exerço o papel de empresária, de esposa, esportista ou palestrante, já que consigo conviver com o fato de que não sou perfeita. O lado bom de proceder assim é que também me torno uma pessoa e uma líder mais compreensiva no que se refere à tolerância do erro alheio. Passo a perceber melhor o lado bom das pessoas e suas fortalezas. Agindo assim, evito julgar as pessoas e o convívio no mundo corporativo, ou mesmo pessoal, se torna mais saudável e produtivo. Para mim, a “Teoria dos 70%” é libertadora.
Participação feminina no Pajuçara Management
Segundo uma pesquisa realizada pela Júniors Consultoria (JRS), a Empresa Júnior de Administração da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), em 2011 o Pajuçara Management obteve o índice recorde de 56% de participação do público feminino. Isto comprova que as mulheres estão buscando profissionalização, oportunidade e liberdade econômica para trilhar um caminho de secesso.
Informações e inscrições pelos telefones (82) 3031-3563 | 8885-3563 | 9657-0555 e por meio do endereço eletrônico participe@pajucara.com. Se preferir, acesse www.pajucaraeventos.com.br e inscreva-se.
Por Assessoria