Foto do café da manhã, da corrida no parque, das pernas na praia… Qualquer movimento, nos dias atuais, vira motivo para tirar foto e compartilhá-la nas redes sociais. Com a superexposição do cotidiano, receber conselhos e “pitacos” indesejados torna-se algo fácil, além de nos deixar vulneráveis em algum momento. As inúmeras fotos e vídeos compartilhados por dia nos fazem pensar que, pelo menos, metade da população mundial está incluída digitalmente. Contudo, pouco se sabe ainda sobre a necessidade de uma educação digital. Onde chegaremos com tanta exposição?
Famosos e anônimos compartilham diariamente suas ações cotidianas, além de dividirem frustrações e conquistas com seus seguidores virtuais. Porém, muitas dessas pessoas não param para pensar duas vezes no que postam – se tal situação atingirá alguém ou até mesmo se poderá, mais na frente, ser utilizada contra eles mesmos. Como exemplo, temos a jovem sulista de 16 anos que, no último ano, tirou a própria vida após ter suas fotos íntimas compartilhadas na internet. O principal suspeito seria seu ex-namorado, segundo investigações policiais. O caso ainda não foi concluído, contudo, nos dá pauta para entender a importância da educação digital.
Como a jovem sulista, muitos são os que compartilham seus passos sem pensar nas consequências. Segundo a psicóloga Mayara Correia, a internet tem sido utilizada como fuga da realidade. “Nós a usamos como uma válvula de escape, pois, normalmente, nos sentimos mais seguros, desabafamos e colocamos nossas opiniões sem ter que enfrentar ‘o outro’ pessoalmente. Além disso, e principalmente, a internet nos dá a sensação de que não estamos sozinhos”, diz. Dependendo do nível de utilização das ferramentas, uma ”máscara” é criada, e relacionamentos interpessoais acabam sendo afetados com tal. No mundo virtual, é mais difícil achar os defeitos do outro, enquanto, pessoalmente, não há a pausa entre pensar e agir.
Para quê expor tudo o que você faz? Hoje, algumas empresas jurídicas contratam especialistas em monitoramento de redes sociais para investigar adversários de seus clientes. Por exemplo: em um caso de briga por pensão, o ex-marido afirma receber o salário X, porém, compartilha na internet alguns locais que frequenta e aquisições materiais fora desse padrão. Durante o julgamento, essas fotos podem ser utilizadas contra seus argumentos a ponto de fazê-lo perder o caso. Além de casos jurídicos, a autoexposição pode afetar também o campo profissional. Atualmente, cerca de 80% das empresas, antes de contratar algum candidato, faz pesquisa do seu nome na internet.
É necessário prestar atenção na vida na web. Como solução, Mayara Correia indica o autocontrole. “Não é preciso chegar ao ponto de se banir do mundo virtual. As redes sociais são um ótimo meio para manter contato com pessoas que você não vê com frequência, principalmente se você mora fora da sua cidade natal. Contudo, é preciso ter cuidado com o que se fala publicamente; o que você não pretende falar a alguém pessoalmente, não compartilhe em seus perfis virtuais”, indica.
Como dica, tente ler mais sobre educação digital e procure expor sua vida com moderação. Lembre-se de que o que você expõe talvez possa, um dia, lhe prejudicar. #FiqueEsperto
Flávia Motta é jornalista, tradutora e professora de idiomas. Nas horas vagas se arrisca a escrever nos idiomas os quais andou aprendendo nessa vida. É alagoana de nascimento e criação, e com orgulho, mas se considera passageira do mundo.