Os casos de crimes virtuais continuam a crescer no Brasil. Uma pesquisa da empresa global de informações e soluções Transumion aponta que foi registrado crescimento de 20% nas tentativas de fraude digital no país no segundo trimestre deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado. Diante dessa ascensão, é essencial saber reconhecer e evitar cair nesses golpes.
Há cerca de um mês, o advogado Pedro Cipriano recebeu uma denúncia em um perfil comercial administrado por ele no Instagram. No perfil, o advogado divulga uma propriedade turística para aluguel por temporada na cidade de Porto de Pedras e, um dos seguidores do perfil, o informou que outra conta da rede estava se passando pelo perfil para pedir dados pessoais aos seguidores.
“Essa pessoa que denunciou acabou passando os dados e, inclusive, informou dados recebidos por SMS que os golpistas solicitaram. Ao sabermos da ocorrência dessa tentativa de golpe, nós fizemos um pronunciamento oficial na nossa conta, informando da tentativa de golpe, informando que aquela era a nossa única conta oficial e que não entramos em contato pedindo informações pessoais, nem fazemos sorteios. Além disso, mobilizamos os seguidores a realizarem denúncias na conta fake”, conta.
O advogado ainda diz que, apesar da tentativa de golpe, não tomou conhecimento de pessoas que tenham tido algum tipo de prejuízo financeiro. Ele disse também que a conta continua ativa, com vários seguidores e que ainda espera que a rede possa agir ao excluir o perfil falso diante das denúncias realizadas.
Segundo Izaac Alencar, docente do curso de Ciência da Computação da Unit/AL e especialista em CyberSecurity, para identificar os crimes virtuais é necessário conhecer a natureza deles, que costuma ser dividida em duas: os crimes próprios ou puros, onde o objetivo é atingir o sistema digital (computadores, celulares, redes de computadores e etc) e os crimes digitais impróprios ou mistos, onde a tecnologia é somente usada como meio para executar crimes já tipificados no código penal, como estelionato, calúnia, difamação e outros.
“Quando falamos de crimes digitais próprios, estão as tentativas de ludibriar uma pessoa para conseguir acesso a recursos financeiros. Esses são os mais comuns. Neste caso, os criminosos se utilizam de mensagem em redes sociais, aplicativos de mensagens instantâneas e e-mail que contém arquivos anexados ou links que o usuário não solicitou, com o propósito de instalar no dispositivo da vítima algum software malicioso, que poderá coletar dados dela e enviar para os criminosos ou permitir que esses tenham acesso ao dispositivo”, explica.
Izaac orienta que para não cair em golpes, ao receber mensagens de desconhecidos o usuário deve desconfiar e analisá-las detalhadamente. Caso o usuário se torne vítima de um golpe, o especialista aconselha que ele colete o máximo de evidências possíveis para denunciar.
“Sempre desconfie de todas as mensagens recebidas de forma não solicitada e tente confirmar por outros meios, mensagens recebidas em whatsapp/telegram/signal e outros, com contatos conhecidos, quando essas mensagens são anormais. De qualquer forma, caso o usuário infelizmente se torne vítima, ele deve coletar evidências (screenshot de telas, criação de backup de mensagens, áudios, vídeos), com tudo que possa corroborar e ajudar a provar o que aconteceu. Posteriormente, ele deve fazer um boletim de ocorrência para comunicação à autoridade policial, e sempre é recomendado buscar aconselhamento com um advogado”, complementa o docente.
Por fim, o docente lembra que outros hábitos simples podem ser adotados pelos usuários para reforçar a segurança virtual, como a instalação de um bom antivírus e anti spam, firewall, uso de VPN, uso de criptografia, além da atualização de contas e perfis com senhas fortes e não repetidas.