Seu filho reclama o tempo todo das atividades escolares e costuma definir várias aulas como “chatas” e “entediantes”? Saiba que a grande maioria das mães ouve essas reclamações todos os dias. Mas isso não quer dizer que elas sejam “coisa de adolescente que não quer estudar”. O problema está tão enraizado na nossa cultura que acabamos, sem querer, ignorando a Ciência e afastando cada vez mais os jovens do aprendizado.
Entenda: Já é comprovado por vários estudos que as pessoas possuem diferente estilos de aprendizagem. Esses estilos não são todos contemplados de forma satisfatória na escola, especialmente porque julgamos todos os alunos pela sua habilidade em leitura e escrita nos vestibulares e concursos. Na tentativa de preparar os estudantes para esses testes, a escola acaba priorizando aulas expositivas e avaliando com provas escritas, o que pode ser um problema para alunos que não possuem o estilo de aprendizagem do tipo leitura/escrita como predominante.
Os pesquisadores Neil Fleming e Coolen Mills classificaram os estilos de aprendizagem em 4:
1 – Visual – Dos alunos que aprendem bem com mapas, gráficos, tabelas, desenhos e imagens em geral. Uma aula de debates vai ser desinteressante para esse aluno, assim como acompanhar apenas a voz do professor também será mais complicado. A melhor forma de aprender, aqui, é investindo em desenhos, esquemas, decalques, fluxogramas e mapas mentais construídos pelo próprio aluno. Abusar das cores, formas e lettering são maneiras de ajudar a fixar o conteúdo.
2 – Auditivo – Sabe aquele aluno que sempre interrompe a aula repetindo o que o professor falou com outras palavras? Tenha empatia, ele está aprendendo. Conversar com as pessoas é a melhor forma de aprender para quem possui esse estilo de aprendizagem. Daqueles que não vão dormir em palestras e não se incomodam nada quando o professor está falando da própria vida, afinal, bom mesmo seria se a prova escrita viesse com o mesmo grau de informalidade que as conversas durante as aulas. Gravar áudios explicando o que compreendeu é uma boa forma de revisar o conteúdo.
3 – Leitura/Escrita – Copia todo o caderno, consegue lembrar exatamente o que estava escrito no livro e costuma fazer boas provas mesmo sem estudar muito, porque interpreta muito bem as questões e faz escolhas assertivas de acordo com as poucas informações que estiverem disponíveis nos textos. Alunos com esse estilo costumam se sair muito bem nos métodos tradicionais de ensino, justamente porque é o estilo priorizado nas avaliações diversas. O pior tipo de prova pra esse aluno são arguições orais.
4 – Cinestésico – O famoso “que bora a mão na massa”. Aprende na prática, realizando as atividades relacionadas ao conteúdo. Projetos que exigem construção, trabalhos que pedem elaboração de materiais e tudo o que tem movimento envolvido são o paraíso para esses alunos. Observe os colegas que se dão muito bem em Feiras de Ciências mas vão mal na prova da mesma matéria, por exemplo. Esses são alunos cinestésicos sem a habilidade leitura/escrita.
Nós todos podemos combinar mais de um estilo de aprendizagem, daí o estilo multimodal. O questionário VARK está disponível na internet e pode ajudar a determinar por quais vias seu filho aprende melhor. Se é, por exemplo, visual e auditivo, porque insistir na leitura e produção de resumos? Para um adolescente que apresente esses dois estilos, será muito mais vantajoso ouvir um podcast sobre o conteúdo e construir um mapa mental com muitos desenhos e cores. Na escola já há obrigatoriedade de muitas coisas, precisamos facilitar o momento de estudar em casa para gerar engajamento do estudante.
Descobrir e compreender o próprio estilo de aprendizagem pode ser um fator decisivo para a motivação nos estudos, já que realizar atividades que não refletem o estilo predominante pode se tornar um fardo, assim como gerar o sentimento de inadequação e incapacidade. Nesses casos, a autoestima fica em cheque e o aluno vai se fechando cada vez mais para assuntos pertinentes à escola.
Não perca de vista que rotina escolar não é o mesmo que rotina de estudos! Manter a revisão contínua de conteúdos é essencial para um bom desempenho escolar, mas, o principal é que seu filho saiba como estudar, para que mesmo quando sair da escola tenha as ferramentas para encarar a vida acadêmica e a profissão que escolher.
Procure ajuda quando sentir que a preguiça e a desmotivação do seu filho estão sendo paralisantes. Se apenas definir atividades que encaixem no estilo de aprendizagem dele não está sendo suficiente, é hora de buscar profissionais que possam ir além e definir estratégias alinhadas com as necessidades por aí. Respeite sempre a individualidade do seu filho e permita que ele lhe mostre suas dores e descontentamentos sem julgamento. Logo essa fase passa e vocês terão apenas lembranças. Garanta que sejam memórias afetivas e cheias de carinho. Seja porto seguro do seu adolescente e confie no processo.