Frio na barriga, nervosismo, respiração cortada… Esses e outros sintomas geralmente antecedem eventos os quais nos importamos, como apresentações em público, início de relacionamentos, início de uma nova jornada profissional, etc, o que é completamente normal, afinal somos humanos. Contudo, nem todo mundo consegue lidar com tais sentimentos e, por vezes, eles tornam-se maiores do que um simples pensamento no meio do dia.
Para entender um pouco mais do assunto, o Quarta Essência bateu um papo rápido com a psicóloga Karllene Vasconcelos, especialista no assunto.
Ela vem ministrando palestras e cursos sobre resiliência e comenta que a ansiedade não escolhe idade e nem opção sexual. Confira abaixo:
QE – O que é a ansiedade? Como surge?
Karllene – Ansiedade é uma emoção comum a todos nós, quando estamos diante de algo novo ou inesperado. É comum nos sentirmos apreensivos diante de tais situações, contudo algumas vezes o sentimento toma conta da pessoa e traz prejuízos sociais, como comportamentos de fuga ou esquiva de pessoas, lugares e/ou trabalho. Pessoas com baixa estima também tem tendência a serem muito ansiosas, por se ‘alimentarem’ de muitos pensamentos disfuncionais sobre si. Nesse momento é necessário ficar alerta e buscar ajuda profissional. Seu surgimento advém de situações que estão por acontecer, porém hereditariedade também conta.
QE – Como tratar a ansiedade? Existe cura?
Karllene – Não existe cura para tal emoção, porém pode ser tratada através de tratamento psicoterápico e/ou medicamentoso. Pode-se procurar um psicólogo, psicanalista, psiquiatra. Inicialmente um psicólogo, caso seja necessária à utilização de medicamentos, o profissional encaminhará o paciente ao psiquiatra.
QE – Como controlar os pensamentos negativos durante uma crise de ansiedade?
Karllene – Existem várias técnicas, entre elas a reestruturação cognitiva, que é a capacidade de modificar o pensamento e pode ser alcançada através de técnicas de respiração, relaxamento e modificação do foco.
QE – Existe um perfil específico da pessoa ansiosa? Ansiedade seria o mal do século?
Karllene – Não sei se é possível definir assim, mas em conjunto com a depressão, atualmente são os transtornos que mais acometem as pessoas, inclusive crianças e adolescentes.
QE – Qual a geração mais afetada?
Karllene – É difícil dizer, mas acredito que a geração Y por nascer e se desenvolver num contexto bastante imediatista e automatizado: controles remotos, delivery, redes sociais… As respostas são muito rápidas e acaba deixando as pessoas mais intolerantes quando não atendidas imediatamente, tendo dificuldade de lidar com frustrações ou esperas.
Segundo Vasconcelos, atualmente, existe uma busca constante pela prevenção de transtornos mentais e, entre alguns programas preventivos existe o australiano Resiliência para a Vida, funcionando em mais de 20 países a ensinar pessoas a lidar com frustrações cotidianas para administrar ansiedade.
E você, sofre de T.A.?
Flávia Motta é jornalista, tradutora e professora de idiomas. Nas horas vagas se arrisca a escrever nos idiomas os quais andou aprendendo nessa vida. É alagoana de nascimento e criação, e com orgulho, mas se considera passageira do mundo.