Rotineiramente, falamos de forma casual: “Fulano cometeu uma gafe.”, “Beltrano, não faça isso! Isso é uma gafe.”. Mas, o que realmente quer dizer essa palavrinha gafe?
Segundo o dicionário eletrônico Houaiss, gafe (já expressa em sua grafia aportuguesa) trata- se de um substantivo feminino que designa: “ato e/ou palavra impensada, desastrada; indiscrição involuntária.” Sabe-se que a origem da palavra é francesa, gaffe, na expressão faire une gaffe, que traduzindo quer dizer uma inabilidade, um erro, uma observação desajeitada, indiscreta.
O sociólogo e antropólogo canadense Erving Goffman destaca que “gafes” consistem em “fontes de embaraços e dissonâncias que não estavam nos planos da pessoa responsável por eles e que seriam evitados se o indivíduo conhecesse de antemão as conseqüências de sua atividade”.
Para a consultora de etiqueta Claudia Matarazzo, gafe é “uma situação fora de contexto”. Ou seja, dentro de um determinado meio, algo foi expressado de forma não condizente com o que era considerado adequado ou esperado.
A partir do exposto, podemos resumir, no bom e velho português e em sentido coloquial, o conceito de gafe como mancada, rata – um verdadeiro despautério!
A gafe, entretanto, não pode ser analisada isoladamente. É importante considerar o meio em que determinada ação é classificada como gafe, pois esta pode ser considerada um desvio a uma regra ou a um padrão convencionalmente aceito. A gafe pode ainda ser o excesso, aquilo que sobra em uma atitude ou comportamento demasiado. Por este parâmetro, gafe é tudo aquilo que é a exceção ou o excedente em uma determinada norma tradicionalmente reconhecida.
Destaca-se aqui a importância de ampliar a perspectiva da gafe, pois ela é abrangente e não envolve apenas as expressões verbais, mas também a escrita, os gestos, os comportamentos, as ações e reações.
Ou seja, diante deste enorme espectro em que a gafe pode ocorrer em meio às interações humanas, torna-se praticamente impossível não cometer uma mancada dessas em um contexto social. Mas, é perfeitamente possível gerir tais gafes, sabendo lidar com situações embaraçosas de forma a sanar tal deslize com elegância e discrição. O melhor é desculpar-se ou ignorar o fato.
Desculpar-se
Desculpar-se é a melhor saída para todos os embaraços em que nos metemos ao longo da vida. Um sincero pedido de desculpas desarma o mais rude dos homens. É uma forma mais nobre de se autorresponsabilizar por uma situação desastrosa causada. Agora, cabe ao outro aceitar ou não suas desculpas, entretanto esse verdadeiro reconhecimento da falha e a busca por corrigi-la costuma abrandar os mais sérios corações.
Ignorar o fato
Dependendo do tipo de gafe cometida, o melhor é ignorar a situação e buscar resolvê- la com o máximo de discrição. Por exemplo, em um jantar formal você deixa seu garfo cair no chão. Em uma situação desta, ignore os demais presentes, chame o garçom e peça a reposição do talher. Não fale nem faça mais nada. Só o atrito do aço inox com o chão já foi suficiente para que os outros percebam o que ocorreu. Haja naturalmente, oculte seu constrangimento e siga o curso normal.
Agora, algo a ser evitado ao cometer uma gafe é cair na tentação de explicar o inexplicável. Em algumas situações o deslize pode ter sido tão gafoso que mais do que ignorar, o melhor é se abster de qualquer ação ou reação. Em uma situação desta, quanto mais se expõe mais constrangido se fica e nada se resolve, ao contrário, pode-se incorrer em novas gafes, o que é bem pior.
Por fim, o ideal é estar atento para evitar tais deslizes, entretanto após a ocorrência, o ideal é tirar uma boa lição das gafes cometidas, afinal elas também têm muito a nos ensinar.
Uma eterna estudante, apaixonada pelas linhas: as escritas e as bordadas. Compartilha sua paixão pela etiqueta como uma forma de espalhar pequenas gentilezas e delicadezas pelo seu caminho.
Tem como propósito disseminar a etiqueta como uma ferramenta inclusiva capaz de potencializar as conexões humanas.