Dados mais recentes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia, mostram que as micro e pequenas empresas (MPEs) de Alagoas concentram 36,3% da criação de novos postos de trabalho no Nordeste, colocando o estado na quarta posição na região. Rio Grande do Norte (49,7%), Piauí (40,0%) e Maranhão (38,2%) puxam as três primeiras posições do ranking.
Os números do Caged são referentes ao período de janeiro a abril, o primeiro quadrimestre deste ano. Quando comparados com os dados nacionais, Alagoas aparece na 11ª posição na geração de empregos com carteira assinada entre as MPEs.
Segundo dados do Sebrae, de janeiro a março os pequenos negócios foram responsáveis por 70% dos empregos com carteira assinada. As micro e pequenas empresas criaram 587 mil novos empregos, enquanto as médias e grandes criaram 190 mil nesse mesmo período.
“Uma relação de 3 x 1, ou seja, enquanto os negócios de médio e grande porte criam um novo emprego formal, as MPEs criam três”, compara o gerente adjunto da Unidade de Gestão Estratégica (UGE) do Sebrae Alagoas, Fábio Leão.
No recorte por setor, o de Serviços apresentou o melhor resultado, com a criação de 224,3 mil novos empregos em todo o país. Depois vieram os setores da Indústria (152,8 mil), Comércio (105,1 mil), Construção Civil (75,3 mil) e Agropecuária (23,9 mil).
Alagoas e o Brasil
“Em Alagoas, diferentemente do país como um todo, os números apresentam destruição de postos de trabalho formais, desde o início do ano. De janeiro a abril, o estado admitiu 38.452 novos trabalhadores, mas demitiu 51.185 pessoas, restando um saldo negativo de 12.733 empregos. São números difíceis para uma economia já sofrida e cambaleante. Isso reflete a fragilidade da sua economia, com um perfil de grande informalidade e poucos grupos geradores de empregos”, analisa Fábio Leão.
O gerente adjunto do Sebrae Alagoas destaca que a economia alagoana segue concentrada em alguns setores, como a cana de açúcar, o setor de Turismo, a Construção Civil e o Comércio. No entanto, esses segmentos não são suficientes para a promoção de novos negócios na quantidade necessária para ampliar o escopo de novas oportunidades de trabalho.
“Somente a ampliação da diversificação econômica para novos setores e apoio aos pequenos negócios poderão modificar esta tendência de destruição de empregos no estado”, diz. “A fragilidade econômica do estado reforça ainda a necessidade de apoio do governo federal, no que diz respeito às transferências de recursos, seja por meio dos benefícios já existentes (aposentadorias e pensões, benefício de prestação continuada – BPC, Bolsa Família) ou dos auxílios criados por conta da pandemia”, completa.
Brasil afora
Os números do primeiro quadrimestre apontam a criação de 6.406.478 novos postos de emprego formal, contra 5.448.589 demissões, totalizando um saldo de 957.889 novos empregos para a economia do país.
Os números de abril apresentam geração de novos empregos, mesmo com uma variação menor que em março. No quarto mês do ano tivemos a criação de 1.381.767 novos postos de emprego formal, contra 1.260.832 demissões, cravando um saldo de 120.935 novos empregos. O segmento com maior destaque no mês de abril foi o setor de Serviços, com 614.873 novos empregos e 557.263 demissões, ficando um saldo de 57.610 novos postos de empregos formais.
Além do setor de Serviços, outros segmentos da economia que também avançaram na criação de novos postos de trabalho formais foram a Indústria de Transformação, a Construção Civil, o Comércio e a Agricultura.
Com relação aos estados, no mês de abril, aqueles com maior destaque foram São Paulo (criação de 30.174 novos empregos), Minas Gerais (+13.942) e Santa Catarina (+11.127). No lado oposto, os estados que tiveram saldo negativo foram: Alagoas (-3.208), Sergipe (-92) e Rio Grande do Norte (-61).
Crédito e alento
A transformação do Programa Nacional de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Pronampe) em ação permanente, por meio de lei sancionada pelo presidente da República, surge como um alento para os empreendedores de negócios de pequeno porte. Mas, Fábio Leão alerta que as regras do setor bancário tradicional precisam ser flexibilizadas, para que os que realmente precisam ter acesso direto aos novos recursos para investimentos.
“Sem falar que as condições do crédito, em termos de prazos, taxas e garantias, precisam caber no planejamento financeiro dos pequenos negócios. O país vem retomando aos poucos sua atividade econômica. Os números ainda evidenciam um crescimento irregular, tendo em vista as oscilações nos números da pandemia e a evolução errática do processo de vacinação do país”, completa.