O envelhecimento da população é uma realidade cada vez mais presente, estamos vivenciando uma geração que ao mesmo tempo que somos mães, também somos filhas. É um processo cronológico normal, teoricamente filhos verão o envelhecimento dos pais, mas como será que estamos vivenciando essa fase? Vamos refletir um pouco sobre os altos e baixos dessa experiência complexa e significativa.
Enquanto filhas, o primeiro enfrentamento é reconhecer que nosso papel nesta relação mudou, aceitar tirar os pais do papel de referência e apoio por exemplo. Agora eles quem precisam de apoio e nós quem assumimos as necessidades de saúde e bem-estar deles. Antes era só receber, hoje é mais dar do que receber. Esse processo exige resiliência, compaixão e uma abordagem equilibrada de maturidade e sabedoria.
Na infância, tentamos satisfazer as expectativas e demandas de nossos pais já na vida adulta, o papel de ser filho vai assumindo novas formas. O envelhecimento dos nossos pais traz consigo uma série de desafios emocionais e práticos e à medida que assumimos um papel mais ativo no cuidado e apoio deles, nos deparamos com questões que podem exigir novos olhares para esta relação.
Muitas mulheres assumem esse papel único e significativo, desde lidar com as necessidades diárias de saúde e bem-estar de pais idosos até equilibrar suas próprias vidas pessoais e profissionais. O que gera um impacto emocional, provocando uma mistura complexa de emoções, ora de gratidão e respeito, ora de irritação, impaciência ou sobrecarga.
É necessário equilíbrio e muito autoconhecimento nesse processo. Parar a vida também não é bom, é importante lembrar que também somos seres humanos com nossas próprias necessidades e limitações, assim como as de nossos pais, nos permite cultivar uma relação mais compassiva e empática. Por isso o autocuidado e buscar apoio emocional, social são aspectos fundamentais para lidar eficazmente com as demandas do cuidado dos pais idosos. Isso pode envolver buscar recursos como grupos de apoio, cuidadores, assistência domiciliar e até mesmo a terapia individual ou em grupo.
Devemos cultivar uma relação mais profunda e significativa com nossos pais, enriquecendo não apenas suas vidas, mas também as nossas oferecendo escuta e tempo de qualidade. Celebrar os laços que nos unem, expressando gratidão, amor e apreciação por aqueles que nos deram o presente da vida e do amor incondicional.
Ser filha, além de mãe também é uma jornada de autodescoberta, crescimento e transformação.
Patrícia Vila Nova é psicóloga clínica, palestrante, coautora do Livro Desvendando a Ansiedade, especialista em Gerontologia, mentora em longevidade preparando pessoas para viverem da melhor forma todas as etapas da sua vida.