Você já percebeu como a confiança é algo que desejamos tanto, mas doamos tão pouco? No trabalho, nas relações ou até numa simples conversa no grupo da família, a gente vive pisando em ovos, medindo palavras, achando que qualquer coisa pode ser usada contra nós no tribunal das interações humanas.
A verdade é que a confiança tem sido mal interpretada e ganhou um sentido quase romântico. Muita gente acha que confiar é sobre previsibilidade, saber o que o outro vai fazer ou pensar: “Ah, eu sei que fulano vai entregar o projeto no prazo porque ele nunca falhou.” Legal, mas isso é sobre dever. Outros acreditam que confiar tem a ver com não ser “traído” ou “traída”: “Não, a cicrana jamais vai se opor, ela sabe o quanto isso é importante para mim.” Ops! A confiança de verdade vai além disso.
Confiança tem mais a ver com você não precisar de disfarces e ser quem você é – com seus erros, dúvidas e vulnerabilidades – sem que isso vire munição para ataques. É quando você pode pedir ajuda, admitir que deu ruim ou discordar sem medo de represálias. Mas, vamos lá, quantas vezes você já se pegou escondendo suas falhas ou evitando pedir ajuda porque não sabia como isso seria recebido? Pois é… nessas circunstâncias, a comunicação vira um jogo de sobrevivência.
E quando a confiança sai de cena, o drama assume seu lugar. A gente começa a agir como se estivesse num reality show, e o resultado é catastrófico. As pessoas escondem os erros e jogam a sujeira para debaixo do tapete. O feedback vira uma piada interna: todo mundo sabe que precisa, mas ninguém quer dar ou receber. E o clássico: as fofocas e suposições ocupam o lugar do diálogo.
Aí, quando menos se espera, o clima azeda. No trabalho, isso significa equipes improdutivas e reuniões eternas onde ninguém resolve nada. Na vida pessoal, é aquela tensão constante, em que até um “ok” vira motivo para paranoias.
A boa notícia é que a confiança pode ser resgatada. Mas trazê-la de volta exige coragem – e uma boa dose de vulnerabilidade. Vamos combinar: isso é quase um palavrão, né? A gente cresce aprendendo a ser forte, a esconder os pontos fracos, a nunca admitir que não sabe.
Só que confiar é justamente o contrário disso. É dizer: “Ei, eu não sei tudo” ou “Preciso de ajuda aqui.” E adivinha? Essa honestidade desarma as pessoas. Quando você se abre, o outro sente que também pode se abrir.
No final das contas, a confiança não é só um ingrediente da comunicação. Ela é o prato principal. Sem ela, a gente pode até conversar, mas nunca se entende de verdade. Confiança não é fácil de construir, mas transforma palavras em conexões reais. Então, da próxima vez que sentir que as coisas estão travadas, que tal ser a pessoa que dá o primeiro passo? Que fala com honestidade, que admite falhas, que ouve de verdade?
Fabrícia Carneiro Fernandes. Jornalista, gerente de Marketing, mãe da Maria, esposa, apaixonada por esportes e imersões na natureza. Há 23 anos ajudo empresas a fortalecerem suas marcas, convergindo pessoas e performance, por meio do marketing de serviços e com propósito. Quanto mais me conecto com o outro, melhor conheço a mim mesma e compartilhar conteúdo é uma forma de ampliar essa rede e fazer novos mergulhos.